Newsletter
Subscreva a nossa newsletter

Newsletter

FacebookTwitter
Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Alterações climáticas

claudia.JPGMeia-estação…segundo o dicionário da língua portuguesa referimo-nos ao Outono ou à Primavera quando proferimos esta palavra. Estação em que o frio e o calor não são rigorosos. Para a grande maioria das pessoas, estas são as estações do ano preferidas…o calor do sol, não sendo abrasador, chega para nos aquecer e andarmos ainda leves, sem termos que recorrer aos pesados casacões de Inverno. Todos sabemos o que é a meia-estação, mas a questão que agora se coloca é "será que os nossos netos (ou até mesmo os nossos filhos) saberão daqui a uns anos a que nos referimos? Pensarão que estamos a falar de um Verão ou Inverno cortados ao meio?". Este ano tivemos já o claro exemplo do que é um ano dividido apenas por duas estações…de um Verão que se prolongou até Novembro passámos para temperaturas pouco confortáveis e chuva intensa. Hoje saímos à rua e transpiramos com 30ºC, amanhã ficamos em casa de lareira acesa a ver a chuva lá fora…pelo meio, nenhum dia de meio-termo para nos adaptarmos à brusca transição!

Esta era uma situação já prevista há alguns anos, quando, ainda na década de 80, governantes e cientistas iniciaram uma série de reuniões de debate face às mudanças climáticas, tendo a consciência que estas eram consequência da acção humana sobre o planeta. Esperava-se já que a crescente emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera, verificada desde o início da era industrial, viesse a produzir efeitos nocivos passados largos anos ou mesmo séculos (como realmente se verificou), e que teriam que ser tomadas medidas para que os padrões de vida moderna não comprometessem o estado de saúde do nosso planeta azul.

O Protocolo de Quioto veio estabelecer limites legais às emissões dos países industrializados, impondo a meta de uma redução global de 5% no período 2008-2012, relativamente aos níveis verificados em 1990. No entanto, não há nada a fazer em relação ao mal que foi feito durante tanto tempo, e não é possível evitar totalmente o impacte das alterações climáticas, mesmo que fosse possível uma drástica e imediata redução das emissões globais de gases com efeito de estufa. De facto, lidamos já com algumas consequências que se reflectem em vários sectores sócio-económicos. Para além dos problemas relacionados com a saúde humana provocados pelas cada vez mais usuais ondas de calor, e proliferação de insectos vectores transmissores de doenças, lidamos já com eventos climáticos extremos que aumentam a sua frequência. Alguns locais do globo enfrentam grandes tempestades de precipitação intensa e tornados, enquanto que outras zonas sofrem o risco de períodos de seca prolongados. A nível energético, verifica-se também um aumento geral dos gastos…basta pensar na factura energética de cada um de nós que reflecte bem o aumento das necessidades de arrefecimento dentro das nossas casas. Mais importante ainda é o grande impacto nos ecossistemas. As zonas costeiras sofrem com a subida do nível do mar, enquanto que os rios perdem qualidade na água, afectando os recursos pesqueiros. A longo prazo, irá verificar-se perda de biodiversidade, face à inadaptação das espécies ao aumento da temperatura média global. A agricultura sofrerá mudanças no tipo de culturas devido à escassez de água para irrigação e o funcionamento e composição das florestas também será afectado, com o aumento de pragas e doenças que conduzirá à redução da produtividade florestal, e claro, como já este ano sentimos, com o aumento dos incêndios florestais, com os quais não temos de lidar apenas no Verão, mas também até meados do Outono…essa meia-estação em vias de extinção!

Cláudia Mendes