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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Opinião
A antiguidade de Oleiros e as oportunidades para o futuro

ines copy.jpgNo ano em que se celebram os 500 anos da atribuição do foral manuelino de Oleiros, a 20 de outubro, surge-me a reflexão sobre a antiguidade deste território. Designado de foral novo, o documento régio veio reformar um outro mais antigo, atribuído no reinado de D. Sancho I, muito provavelmente no ano de 1204. Para termos uma ideia, Oleiros é um dos poucos concelhos da região que possuía foral velho naquela época, a par de terras como S. Vicente, Covilhã e Monsanto. Oleiros é, portanto, um concelho com mais de oito séculos de história.

Mas reportando-nos à época do foral manuelino, a chamada era quinhentista. É sabido que nesta altura a castanha era a principal riqueza destas terras (sendo uma das principais fontes de rendimento da Comenda de Oleiros) e a base da alimentação da população. "Em quase todas as propriedades rurais da Comenda, naquelas onde havia árvores, o castanheiro dispunha sempre a primazia". A atestar toda esta importância, veja-se o caso do brasão da vila de Oleiros, no qual a espécie assume uma posição de destaque.

Atualmente, ainda se encontram na região "resquícios de uma floresta primitiva composta por castanheiros, mas também por carvalhos, azinheiras e sobreiros". Na maioria dos casos, os castanheiros encontram-se dispersos, verificando-se pontualmente uma ou outra plantação estreme explorada de modo tradicional.

OM copy.jpgSendo a castanha um produto endógeno altamente rentável e face à importância histórica desta cultura frutícola para Oleiros, seria uma pena não fomentar a perpetuação da espécie, através da instalação de soutos com plantas de micropropagação resistentes à doença da Tinta.

Em termos genéricos, a região beneficia de vários produtos de elevada especificidade e qualidade, os quais têm bastante procura e são potencialmente muito competitivos em mercados cada vez mais exigentes. Com o surgimento de novos projetos que culminam muitas vezes em certames promocionais, pretende-se passar a mensagem para o exterior de que se estão a valorizar os produtos locais e a acreditar nas potencialidades deste território.

Por outro lado, estes eventos têm a mais-valia de criar sinergias interessantes entre o setor agrícola, ambiental (pela promoção da paisagem) e turístico. Na verdade, é fundamental que assim aconteça e que haja uma resposta efetiva aos desafios. Os produtores só têm a ganhar com a criação de mecanismos de concentração da oferta e com uma mais eficiente consciencialização das regras de apresentação e comercialização dos seus produtos, entre outras vantagens.

Por último, se nos centrarmos novamente no caso da castanha, incentivando novas plantações de castanheiro estamos a promover uma floresta de uso múltiplo e a aumentar a rentabilidade do setor agro-florestal. Do mesmo modo, promove-se a sustentabilidade dos recursos naturais e dos espaços rurais, através da sua revitalização económica e social, pela criação de postos de trabalho e pela melhoria da qualidade de vida, respetivamente.

É fundamental tirar partido dos pontos fortes deste território. Se já os nossos antepassados o faziam, há tantos séculos atrás, seria insensato se não aproveitássemos as potencialidades, encarando-as como oportunidades para o futuro.