Oleiros
Tribunal já não fecha!
O Tribunal de Oleiros não
deverá encerrar. De acordo com a última proposta do Ministério da
Justiça para a Reforma Judiciária não está previsto esse
encerramento. Na proposta a que a Lusa teve acesso, o Governo
mantém a extinção de quase meia centena de tribunais com algumas
alterações dos concelhos visados e a substituição por mais secções
de proximidade.
As novidades passam pela retirada
da lista de encerramentos dos tribunais de Oleiros, em Castelo
Branco, e Melgaço, em Viana do Castelo, que surgem agora como
secções de competência genérica, e pelo encerramento do tribunal da
Meda, na Guarda, para onde estava anteriormente prevista uma secção
de proximidade.
Com esta decisão, Oleiros parece
ter confirmada a permanência do Tribunal, algo que sempre foi
reclamado pelo ex-presidente da Câmara, José Marques, o qual nunca
aceitou o seu encerramento.
Na altura, em declarações ao
Oleiros Magazine o então presidente de Câmara, contestava o fecho.
"Oleiros quer o Tribunal a funcionar", disse, acrescentando que o
tribunal de Oleiros "dá um lucro de cerca de 45 mil euros".
Nas mesmas declarações José Marques
recordava que tinham já sido apresentadas várias propostas ao
Ministério da tutela, no sentido de se manter a funcionar aquele
serviço em Oleiros.
Segundo aquele responsável, no
último ano, o Tribunal de Oleiros gerou receitas de cerca de 170
mil euros, as quais foram suficientes para pagar aos funcionários,
sobrando ainda cerca de 30 mil euros. Ou seja, o Tribunal de
Oleiros dá lucro".
José Marques assegurava também que,
dos tribunais que estão previstos desaparecer, o de Oleiros é
"aquele que menos onera o Ministério da Justiça, pois apenas tem
7.300 euros para funcionamento por ano (sem contabilizar os
vencimentos)".
Como o Oleiros Magazine já referiu,
o tribunal funciona em instalações da autarquia, pelo que o
Ministério da Justiça não paga renda, nem o consumo de água. A
autarquia, que já remodelou o edifício, também se disponibilizou
para assumir os encargos com eletricidade.
O documento agora divulgado aponta
para a extinção de 47 tribunais, menos dois do que a proposta
conhecida há um ano, um número que contempla os que encerram
definitivamente e aqueles que serão substituídos por secções de
proximidade.
Comparando com a proposta anunciada
há um ano, o número de tribunais a encerrar passa de 26 para 22 e o
número de secções de proximidade aumenta de 23 para 25.
O número de secções de proximidade
é maior na nova versão e passam a abranger concelhos que
inicialmente ficariam sem tribunais como Alfândega da Fé, em
Bragança, Avis, em Portalegre ou Golegã, em Santarém.
Os dados constam do anteprojeto de
decreto-lei do Regime de Organização e Funcionamento dos Tribunais
Judiciais a que a Lusa teve hoje acesso e que regulamenta a Lei da
Organização do Sistema Judiciário publicada a 26 de agosto em
Diário da República.
O Ministério da Justiça tinha 60
dias para proceder à regulamentação, depois da publicação, e a
poucos dias de terminar o prazo está a distribuir a proposta de
anteprojeto de decreto-lei para apreciação dos grupos parlamentares
e parceiros sociais.
No preâmbulo do anteprojeto de
decreto-lei, o Ministério da Justiça justifica que se
"reequacionaram algumas propostas entretanto divulgadas, em
resultado de audições e consultas públicas, bem como da análise
detalhada às características das comarcas existentes, ao respetivo
volume processual, ao contexto geográfico e demográfico onde estas
se inserem, à dimensão territorial de algumas das instâncias
locais, à qualidade do edificado existente e à dimensão de recursos
humanos em causa".
Na lista definitiva de
encerramentos constam os tribunais de Carrazeda de Ansiães, em
Bragança, Penela, em Coimbra, Portel, em Évora, Monchique, em Faro,
Fornos de Algodres e Meda, na Guarda, Bombarral, em Leiria, Cadaval
(Lisboa Norte), Castelo de Vide, em Portalegre, Sines, em Setúbal,
Sever do Vouga, em Aveiro, e Paredes de Coura, em Viana do
Castelo.
Os distritos onde está previsto o
maior número de tribunais a fechar são Vila Real, com Boticas,
Mesão Frio, Murça e Sabrosa, e Viseu, com Armamar, Castro Daire,
Resende e Tabuaço.
Santarém perde os tribunais de
Ferreira do Zêzere e Mação.
Os tribunais serão substituídos por
secções de proximidade em Povoação e Nordeste (Açores), Mértola
(Beja), Vinhais, Vimioso, Miranda do Douro e Alfândega da Fé
(Bragança) Penamacor (Castelo Branco) Mira, Pampilhosa da Serra e
Soure (Coimbra), Arraiolos (Évora), Sabugal (Guarda), Alvaiázere e
Ansião (Leiria), São Vicente (Madeira), Nisa e Avis (Portalegre),
Alcanena e Golegã (Santarém), Alcácer do Sal (Setúbal), Mondim de
Basto (Vila Real) e São João da Pesqueira, Vouzela e Oliveira de
Frades (Viseu).
O essencial da reforma consta da
lei aprovada em agosto e que reduz os atuais 231 tribunais de
comarca e 77 tribunais de competência especializada a 23 tribunais
judiciais de 1ª instância, com uma abrangência territorial
correspondente aos distritos que passam a denominar-se tribunais de
comarca.
Cada tribunal de comarca é composto
por uma instância central e por diversas instâncias locais que são
secções de competência genérica ou de proximidade.