Feira do Pinhal
Oleiros quer central de biomassa
A última edição da feira
do Pinhal, que decorreu em agosto, voltou a superar as expetativas,
quer em número de visitantes, quer nas atividades realizadas. O
evento que tem como tema a floresta, e que pretende ser um fator
diferenciador na valorização económica, foi aproveitado pelo
presidente do Município para «reclamar» junto do Governo condições
para a instalação de "pelo menos, uma central termoelétrica que
funcione com a biomassa da floresta, a qual o Estado deve
apoiar".
Esta intenção do autarca, foi referida na sessão solene de abertura
do certame, ao Secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro
Sanches.
No entender de Fernando Jorge o desenvolvimento destas regiões
passa por um conjunto de medidas que devem ser tomadas, e nas quais
se inclui a instalação de centrais de biomassa. "Essa instalação
ajudará significativamente na luta contra a desertificação de
pessoas e bens", disse.
No seu discurso, Fernando Jorge considerou que a biomassa traz
valor acrescentado à região. "Oleiros tem uma floresta com mais de
30 mil hectares, sendo que 20 mil é pinhal jovem. Desta floresta
podem retirar-se cerca de 400 mil toneladas de biomassa. Acontece
que os custos do corte, do transporte e do seu processamento ronda
os 45 euros por tonelada, mas o valor pago rende entre os 25 e os
30 euros. Ou seja, há um déficit por tonelada e ninguém trabalha
tanto para perder tanto dinheiro".
O autarca defendeu que uma parte das verbas gastas no combate aos
incêndios poderia ser investida para o apoio a esta atividade
florestal. "Com isso teríamos enormes poupanças no combate aos
fogos, mais receitas para a segurança social (fruto dos empregos
criados), desenvolvia o mercado da biomassa e dinamizaria a
pastorícia. Ou seja, teríamos um retorno financeiro que ajudaria a
diminuir o déficit português".
Na sua intervenção, Fernando Jorge voltou a reafirmar que a
floresta "é a maior riqueza do concelho. A nossa área florestal é
10 vezes superior à média nacional, e contribui com mais de 50
milhões de euros em exportações. Ora um concelho com menos de seis
mil habitantes e que tanto exporta merece ser reconhecido como um
polo onde o investimento na conservação da natureza é obrigatório.
Em Portugal três por cento do Produto Interno Bruto (PIB) tem
origem na floresta, mas em Oleiros esse valor é potencializado
várias vezes. E pode ser muito mais, quer pela indústria das
madeiras, cortiça e papel, quer das fileiras emergentes como a
resina e a biomassa. Esta dinâmica que queremos para o concelho a
que associamos a defesa da floresta".
O cadastro também não foi esquecido, o qual "irá ajudar a que
muitas propriedades não se percam, a alargar horizontes e
contribuir para a riqueza da região. Temos no nosso concelho uma
freguesia com o cadastro quase pronto, sendo necessário que todas
as outras beneficiem deste bem".
Em resposta aos desafios lançados por Fernando Jorge, o secretário
de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, "Esta é uma situação
premente, que está relacionada com o desenvolvimento do interior do
país, com a prevenção dos incêndios, com a fixação de população
nesses territórios e com a criação de emprego", disse. O secretário
de Estado recordou que a questão da biomassa e em particular no
interior do país, merece uma exceção. "Já solicitámos junto da
Comissão Europeia autorizações para que o regime bonificado seja
aqui aplicado. Estas centrais devem ser associadas ao poder local,
pois é ele que diariamente tem o contacto com a população e que
conhece o terreno. Por isso, o novo diploma dá aos municípios essa
competência. É uma inovação que para nós faz todo o sentido (…). Há
um trabalho de recolha, criação de parques e de queima que tem de
ser feito localmente. E aí os municípios e as comunidades
intermunicipais estão em melhores condições para o fazer".
O governante assegura que "da parte do Governo terão todo o apoio,
para que consigamos que a nossa região, com a área da energia,
possa utilizar da melhor forma os resíduos florestais e que eles
não sejam a razão de ser de muitos incêndios".
ENERGIA O Governante anunciou, no
seu discurso, que no "Distrito de Castelo Branco cerca de 17 mil
famílias beneficiam da tarifa social de energia". Jorge Seguro
Sanches falava na inauguração da Feira do Pinhal, no passado dia 9
de agosto, em Oleiros.
A tarifa social destina-se às famílias que têm rendimentos mais
baixos, prestações sociais e dificuldade em pagar custo da
eletricidade e do gás natural. A Lei que o Governo fez aplicar
permitiu, segundo Jorge Seguro Sanches, "que de 80 mil famílias
apoiadas em todo o país, em 2015, se tivesse passado para 800 mil
famílias que hoje têm um desconto na fatura da eletricidade, em
cerca de 30 por cento".
Em Oleiros são 400 as famílias apoiadas e no "distrito 17 mil. É um
desconto automático que é feito nas faturas. E este é um exemplo
emblemático do rigor do que queremos ter na área da energia", disse
Jorge Seguro Sanches.
Jorge Seguro Sanches lembrou que "se o país conseguir ter uma
energia sã, transparente do ponto de vista da formação dos preços e
amiga dos consumidores, teremos famílias a viver melhor e empresas
mais competitivas no mercado global. E este tem sido um dos nossos
objetivos".