Opinião
Os indesejáveis
Nos últimos tempos, muito se tem falado em
emigração. A procura de melhores condições de vida concede o passo
de coragem de partir do nosso País, em busca de empregos
inexistentes por cá. Mas nem todos querem sair…no campo da
biologia, existe um grande número de seres (não humanos) que
insiste em entrar! Entre pragas e doenças indesejáveis, assistimos
agora à chegada de uma espécie assassina "máquina de guerra
invasora", predadora da entomofauna autóctone. Falemos então um
pouco sobre a Vespa velutina nigrithorax, de nome comum
Vespa-Asiática, também conhecida por "vespa das patas
amarelas".
Ainda pouco de sabe acerca da sua
biologia e comportamento, mas a necessidade de aprofundar estes
conhecimentos e apostar na investigação desta espécie é evidente,
face aos efeitos não só diretos mas também colaterais que a sua
presença provoca. Não só a apicultura está em risco, com as baixas
produzidas pela predação direta que esta espécie enceta às abelhas
melíferas e com a sua diminuição de atividade perante a sua
presença, que se traduz num enfraquecimento e morte da colmeia,
como também estão em risco a produção agrícola e equilíbrio dos
ecossistemas, pelo efeito indireto da diminuição da atividade de
polinização de espécies da vegetação natural ou cultivada.
A porta de entrada desta espécie na
Europa, pensa-se que acidental, ocorreu em França, com os primeiros
avistamentos desta espécie em 2004. Em Portugal, a sua existência
foi confirmada em 2011, no Concelho de Viana do Castelo. Até final
de 2013, já 12 concelhos da região Norte do País apresentavam
ocorrências validadas, com um total de 252 ninhos confirmados
(dados do ICNF). Esta velocidade de dispersão alerta-nos para a
necessidade de travar o avanço desta espécie, e diminuir o seu
impacto nas áreas onde já se instalou. Por agora, a estratégia de
erradicação desta espécie passa, no presente, pela vigilância e
controlo, envolvendo várias entidades (publicas e privadas) e a
população em geral. A identificação e reconhecimento desta espécie
é por isso o passo mais importante a dar, através da sensibilização
de todos, por forma a evitar falsas deteções, quer das vespas quer
dos ninhos. Em linhas gerais, existem algumas diferenças evidentes
entre a Vespa velutina (asiática) e a Vespa crabro (europeia). A
Vespa Europeia tem o abdómen predominantemente amarelo pálido, com
faixas pretas. A sua cabeça é amarela vista de frente e vermelha
vista de cima. As patas são escuras, acastanhadas. As obreiras
medem entre 1,8 cm e 2,3 cm e as rainhas entre 2,5 cm e 3,5 cm. Já
a Vespa Asiática é predominantemente preta (dorso da cabeça e tórax
negros) com uma fina linha amarela entre o 1.º e 2.º segmento
abdominal. O 4.º segmento abdominal é amarelo. Quando é observada
de frente a sua cabeça é laranja e as suas patas são amarelas nas
pontas. As obreiras medem 3 cm e a rainha mede 3,5 cm. Na
Primavera, cada rainha constrói o seu ninho, em locais abrigados.
Estes ninhos primários, esféricos e com uma abertura no fundo, têm
cerca de 5-10 cm de diâmetro. Posteriormente, mudam-se para um
segundo ninho (secundário) que tem uma forma redonda ou em pera,
com cerca de 50-80 cm de diâmetro, e são geralmente feitos em
árvores altas, em áreas urbanas e rurais.
Através de uma vigilância passiva,
qualquer pessoa que suspeite da existência de ninhos ou indivíduos
da espécie Vespa velutina nigrithorax, deverá comunica-lo à Câmara
Municipal, a qual se encarregará da destruição dos ninhos.
Futuramente, esta comunicação poderá ser feita online, no portal
www.vespavelutina.pt, o qual, até à data da elaboração deste
artigo, ainda continuava indisponível. Há que agir com
rapidez!