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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Opinião
Os indesejáveis

claudia.JPGNos últimos tempos, muito se tem falado em emigração. A procura de melhores condições de vida concede o passo de coragem de partir do nosso País, em busca de empregos inexistentes por cá. Mas nem todos querem sair…no campo da biologia, existe um grande número de seres (não humanos) que insiste em entrar! Entre pragas e doenças indesejáveis, assistimos agora à chegada de uma espécie assassina "máquina de guerra invasora", predadora da entomofauna autóctone. Falemos então um pouco sobre a Vespa velutina nigrithorax, de nome comum Vespa-Asiática, também conhecida por "vespa das patas amarelas".

Ainda pouco de sabe acerca da sua biologia e comportamento, mas a necessidade de aprofundar estes conhecimentos e apostar na investigação desta espécie é evidente, face aos efeitos não só diretos mas também colaterais que a sua presença provoca. Não só a apicultura está em risco, com as baixas produzidas pela predação direta que esta espécie enceta às abelhas melíferas e com a sua diminuição de atividade perante a sua presença, que se traduz num enfraquecimento e morte da colmeia, como também estão em risco a produção agrícola e equilíbrio dos ecossistemas, pelo efeito indireto da diminuição da atividade de polinização de espécies da vegetação natural ou cultivada.

A porta de entrada desta espécie na Europa, pensa-se que acidental, ocorreu em França, com os primeiros avistamentos desta espécie em 2004. Em Portugal, a sua existência foi confirmada em 2011, no Concelho de Viana do Castelo. Até final de 2013, já 12 concelhos da região Norte do País apresentavam ocorrências validadas, com um total de 252 ninhos confirmados (dados do ICNF). Esta velocidade de dispersão alerta-nos para a necessidade de travar o avanço desta espécie, e diminuir o seu impacto nas áreas onde já se instalou. Por agora, a estratégia de erradicação desta espécie passa, no presente, pela vigilância e controlo, envolvendo várias entidades (publicas e privadas) e a população em geral. A identificação e reconhecimento desta espécie é por isso o passo mais importante a dar, através da sensibilização de todos, por forma a evitar falsas deteções, quer das vespas quer dos ninhos. Em linhas gerais, existem algumas diferenças evidentes entre a Vespa velutina (asiática) e a Vespa crabro (europeia). A Vespa Europeia tem o abdómen predominantemente amarelo pálido, com faixas pretas. A sua cabeça é amarela vista de frente e vermelha vista de cima. As patas são escuras, acastanhadas. As obreiras medem entre 1,8 cm e 2,3 cm e as rainhas entre 2,5 cm e 3,5 cm. Já a Vespa Asiática é predominantemente preta (dorso da cabeça e tórax negros) com uma fina linha amarela entre o 1.º e 2.º segmento abdominal. O 4.º segmento abdominal é amarelo. Quando é observada de frente a sua cabeça é laranja e as suas patas são amarelas nas pontas. As obreiras medem 3 cm e a rainha mede 3,5 cm. Na Primavera, cada rainha constrói o seu ninho, em locais abrigados. Estes ninhos primários, esféricos e com uma abertura no fundo, têm cerca de 5-10 cm de diâmetro. Posteriormente, mudam-se para um segundo ninho (secundário) que tem uma forma redonda ou em pera, com cerca de 50-80 cm de diâmetro, e são geralmente feitos em árvores altas, em áreas urbanas e rurais.

Através de uma vigilância passiva, qualquer pessoa que suspeite da existência de ninhos ou indivíduos da espécie Vespa velutina nigrithorax, deverá comunica-lo à Câmara Municipal, a qual se encarregará da destruição dos ninhos. Futuramente, esta comunicação poderá ser feita online, no portal www.vespavelutina.pt, o qual, até à data da elaboração deste artigo, ainda continuava indisponível. Há que agir com rapidez!

Cláudia Mendes
Bióloga