Editorial
Lutar pelo interior do País
O
Interior do País continua a sofrer a bom sofrer o esquecimento de
décadas a que foi votado pelos sucessivos Governos. Nunca, como
hoje, esse sentimento esteve tão presente, numa altura em que a
palavra de ordem é encerrar serviços com o recurso da régua e
esquadro de quem está comodamente sentado em Lisboa. De quem não
conhece o território, de quem não conhece as populações, nem as
suas realidades e necessidades.
O possível encerramento do Tribunal
de Oleiros volta a reacender o sentimento que há cidadãos de
primeira e cidadãos de segunda, ou porque não dizê-lo de terceira.
Os desígnios da República obrigam a igualdade e equidade, mas não é
isso que tem sucedido. Para se conquistar algo para o Interior ou
para um concelho como o nosso temos que percorrer o dobro de
outros, e para evitar que se encerrem serviços temos que levar a
nossa voz ainda mais alta para que os nossos argumentos sejam
ouvidos.
O encerramento de serviços públicos
é um golpe cobarde para um território que precisa de investimento e
não de desinvestimento. A segurança foi reduzida, os serviços de
saúde diminuídos (ainda assim manteve-se o serviço de urgências
fruto da intervenção da autarquia que não abdicou em circunstância
alguma do chamado SAP), os postos de correio desapareceram (tiveram
que ser as juntas de freguesia a assumir esses serviços - e agora
querem diminuir o número de freguesias), e a educação vai
resistindo, tendo encerrado várias escolas nas últimas duas
décadas.
Os oleirenses souberam resistir e
sabem contrariar o destino que lhes querem impor do exterior. Hoje
o concelho de Oleiros é um dos que tem melhor qualidade de vida a
nível nacional. A autarquia soube dotá-lo de infra-estruturas
ímpares, mas também de estruturas básicas que chegam a praticamente
todos os lugares do concelho. Ou seja, através do poder local foi
dada uma lição ao poder central de como se pode contrariar a
desertificação, de como se podem fixar pessoas e captar
investimento. Era bom que quem tem poderes de decisão a nível
nacional olhasse para o interior como os autarcas deste nosso
território o fazem. Certamente que assim haveria mais equidade
territorial.