Crónica
O Ano da Luz
Ano 2015, proclamado como Ano
Internacional da Luz e das Tecnologias nela baseadas. Abre-se desta
forma caminho para a reflexão da importância das tecnologias óticas
como ferramenta para o desenvolvimento sustentável das sociedades,
dando soluções aos desafios mundiais de energia, educação,
agricultura e saúde. Atualmente, são várias as áreas que beneficiam
e evoluem com a geração, controlo e deteção de fotões, num mundo em
que a eletrónica deu lugar à fotónica.
Novos vocábulos fazem agora parte
do nosso quotidiano, sem que quase nos apercebamos que, a cada dia,
nos projetam para um futuro inimaginável há apenas algumas décadas
atrás. Portas que se abrem quando delas nos aproximamos, luzes que
se acendem pela deteção do nosso movimento, a conta do supermercado
feita pelo simples passar dos produtos num leitor de códigos de
barras...pequenos luxos e facilidades comparadas com as
potencialidades da fibra ótica que já promete utilidade em
detetores de poluentes e de toxinas, em radares e na medicina.
Futuramente, controles de qualidade, análises ambientais e
diagnósticos clínicos serão feitos em poucos minutos, poupando
tempo necessário para salvar vidas e prevenir catástrofes
ambientais.
Individualmente, servimo-nos da
tecnologia ótica que, por sua vez, nos conecta também uns aos
outros, entre regiões, entre países, entre continentes, permitindo
milhares de conversas numa única fibra, da espessura de um fio de
cabelo humano.
Há no entanto o reverso da
medalha, e o excessivo uso de luz artificial, falando naquela que é
emitida pelos grandes centros urbanos, interfere nos ecossistemas
pela alteração do ritmo circadiano das espécies. Durante séculos, o
reflexo da lua e das estrelas na água foi o ponto da luz mais
brilhante nas praias remotas e escuras escolhidas pelas tartarugas
marinhas para nidificar. Atualmente, as crias, ao invés de se
guiarem por esse reflexo, em direção à segurança do oceano, são
confundidas pelas luzes artificiais dos aglomerados urbanos,
optando por uma direção errada que as leva à exaustão e
desidratação fatal.
A grande maioria dos humanos
pouco se parecem aperceber desta poluição luminosa, com exceção dos
astrónomos que, com ela, ficam privados de apreciar a beleza do céu
noturno estrelado. Não se leve a mal, portanto, que das 20:30 às
21:30 de dia 28 de março, em pleno Ano Internacional da Luz, se
leve a cabo mais uma vez a maior campanha ambiental do mundo...a
Hora do Planeta. Assim se chama a atenção para os consumos
crescentes de energia ocorridos nas últimas décadas, que estão a
atingir patamares insustentáveis: simplesmente...apagando as
luzes!
Cláudia
Mendes
(Bióloga)