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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Crónica
O Ano da Luz
claudia.JPGAno 2015, proclamado como Ano Internacional da Luz e das Tecnologias nela baseadas. Abre-se desta forma caminho para a reflexão da importância das tecnologias óticas como ferramenta para o desenvolvimento sustentável das sociedades, dando soluções aos desafios mundiais de energia, educação, agricultura e saúde. Atualmente, são várias as áreas que beneficiam e evoluem com a geração, controlo e deteção de fotões, num mundo em que a eletrónica deu lugar à fotónica. 
Novos vocábulos fazem agora parte do nosso quotidiano, sem que quase nos apercebamos que, a cada dia, nos projetam para um futuro inimaginável há apenas algumas décadas atrás. Portas que se abrem quando delas nos aproximamos, luzes que se acendem pela deteção do nosso movimento, a conta do supermercado feita pelo simples passar dos produtos num leitor de códigos de barras...pequenos luxos e facilidades comparadas com as potencialidades da fibra ótica que já promete utilidade em detetores de poluentes e de toxinas, em radares e na medicina. Futuramente, controles de qualidade, análises ambientais e diagnósticos clínicos serão feitos em poucos minutos, poupando tempo necessário para salvar vidas e prevenir catástrofes ambientais. 
Individualmente, servimo-nos da tecnologia ótica que, por sua vez, nos conecta também uns aos outros, entre regiões, entre países, entre continentes, permitindo milhares de conversas numa única fibra, da espessura de um fio de cabelo humano.
Há no entanto o reverso da medalha, e o excessivo uso de luz artificial, falando naquela que é emitida pelos grandes centros urbanos, interfere nos ecossistemas pela alteração do ritmo circadiano das espécies. Durante séculos, o reflexo da lua e das estrelas na água foi o ponto da luz mais brilhante nas praias remotas e escuras escolhidas pelas tartarugas marinhas para nidificar. Atualmente, as crias, ao invés de se guiarem por esse reflexo, em direção à segurança do oceano, são confundidas pelas luzes artificiais dos aglomerados urbanos, optando por uma direção errada que as leva à exaustão e desidratação fatal.
A grande maioria dos humanos pouco se parecem aperceber desta poluição luminosa, com exceção dos astrónomos que, com ela, ficam privados de apreciar a beleza do céu noturno estrelado. Não se leve a mal, portanto, que das 20:30 às 21:30 de dia 28 de março, em pleno Ano Internacional da Luz, se leve a cabo mais uma vez a maior campanha ambiental do mundo...a Hora do Planeta. Assim se chama a atenção para os consumos crescentes de energia ocorridos nas últimas décadas, que estão a atingir patamares insustentáveis: simplesmente...apagando as luzes!
Cláudia Mendes
(Bióloga)