Opinião
Em tempo de Páscoa, das tradições às oportunidades
As nossas tradições, sejam
elas de cariz religioso, gastronómico ou outro, são vetores
importantes de atração de gente ao território, garantindo a sua
revitalização e sustentabilidade. Cada vez se viaja mais, quer seja
para fugir da rotina ou pela procura de destinos diferentes e
experiências inesquecíveis. É nesse ponto que o Interior se pode
tornar apetecível. Tem tudo isso e muito mais.
Nestas regiões existe alma e
essência, assim como uma matriz identitária que as distingue. Há
toda uma tradição nas comunidades que deverá ser adaptada aos
recursos endógenos, com muita sabedoria e experiência, vincadas nos
produtos locais aqui gerados. E acima de tudo, existe uma memória
de afetos que faz com que os filhos da terra voltem com mais ou
menos frequência. Há todo um manancial para explorar.
Por outro lado, o território onde
nos inserimos encontra-se coberto de uma malha de infraestruturas
muito capazes de satisfazer quem nos procura. O caminho será
continuar a apostar numa dinamização com escala e na valorização da
sua imagem, para que este se possa afirmar como uma marca-destino
de excelência.
Em Oleiros possuímos uma oferta
hoteleira de qualidade e diversidade, sendo estas encaradas como
pontos fortes do concelho. Hoje, podemos orgulhar-nos de ter 12
unidades de alojamento de topo, destinadas aos mais exigentes e
variados públicos.
Se considerarmos ainda a
singularidade do nosso património natural e cultural (tanto o
religioso como o gastronómico), a simpatia e hospitalidade das
nossas gentes, ou as atividades de desporto de natureza e aventura
que nos têm promovido, verificamos alguns dos argumentos que têm
pautado a crescente procura de visitantes e turistas pelo nosso
território (o número de dormidas de 2013 para 2015 quase que
triplicou).
Também não podemos deixar de
referir os projetos intermunicipais existentes, como a Rede das
Aldeias do Xisto e o Geopark Naturtejo, os quais para além de
aumentarem a autoestima das gentes locais, ou de ampliarem a
projeção deste território a níveis internacionais, se podem
traduzir em inúmeras oportunidades geradoras de riqueza, se
soubermos fazer diferente e com qualidade.
Nesse sentido, a aposta na
diferenciação é crucial e o acréscimo de valor nos produtos locais
(artesanato, gastronomia, etc.) deve ser levado muito a sério,
através da inovação e de muito marketing, "sabendo trabalhá-los sem
os descaracterizar".
O futuro passa cada vez mais pela
consolidação do tecido empresarial existente, pelo apoio ao setor
da hotelaria, restauração e comércio e pela criação de empresas
geradoras de novos produtos e serviços e consequentemente, de
emprego para quem se queira fixar.
É fundamental a aposta no capital
humano e na sua formação, na valorização dos recursos endógenos e
na animação do território, através de empresas que operem nesse
sentido ou de eventos que tragam gente e deem visibilidade a um
território que se pretende viável e com identidade
própria.
Acima de tudo, é crucial atrair e
fixar pessoas, através da criação de postos de trabalho que
promovam bem-estar e riqueza para as gerações atuais e vindouras,
garantindo a revitalização e a sustentabilidade do
território.
Hoje em dia, podemos orgulhar-nos
de possuir marcas com bastante notoriedade e a Confraria
Gastronómica do Cabrito Estonado, por exemplo, é já uma realidade.
O futuro passa, cada vez mais, por saber agarrar as
oportunidades.
Devemos continuar a apostar na
valorização da imagem e na divulgação e promoção do território, dos
seus recursos e das suas tradições, através de novas tecnologias e
de um marketing territorial assertivo. Só assim se consegue
posicionar Oleiros num patamar de excelência e gerir eficazmente
esta marca-destino única.
Inês
Martins
Engenheira
Agrónoma
Inês Martins
Engenheira Agrónoma