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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Dezembro 2024 nº93 Ano XXIII
Candidaturas aprovadas
AIGP do Caniçal com 10 milhões para a floresta

Evergreen Forest With Clear SkyA Associação da Entidade Gestora da Área Integrada da Gestão da Paisagem (AIGP) do Caniçal – Oleiros acaba de garantir a aprovação de 10 milhões de euros para a reordenação da floresta naquela área. O valor foi garantido pela aprovação das duas candidaturas apresentadas à tutela.
A primeira candidatura diz respeito aos Condomínios de Aldeia do Caniçal, Roda, Braçal, Eirigo e Bonjardim. O objetivo é transformar a paisagem nestas aldeias, tornando-as mais seguras em caso de incêndios rurais, uma vez que se inserem em território florestal. A segunda abrange um território de 2132ha da AIGP do Caniçal. Foi desenvolvido o processo de elaboração da OIGP – Operação Integrada de Gestão da Paisagem, elaborado pela AAACSM – Associação dos Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação.
A notícia foi adiantada ao Oleiros Magazine pela Junta de Freguesia de Oleiros-Amieira responsável pela “elaboração e a apresentação da candidatura e a criação das condições necessárias para que a mesma fosse acolhida pelos proprietários e fazer com que estes conseguissem organizar-se para levar por diante o projeto”, diz a nota enviada à nossa redação.
A aprovação vem ao encontro dos objetivos da AIGP do Caniçal. Como referiu o seu presidente, José Luís da Silva Afonso, na edição de agosto do Oleiros Magazine, as “mais valias para os proprietários dos terrenos são “a segurança e a rentabilidade. O Governo Português através dos seus diversos organismos, reconheceu que os territórios florestais com baixa densidade populacional e com uma dimensão média da propriedade muito pequena, dois conceitos que caracterizam o nosso território de Oleiros, conjugam dois problemas muito graves: alto risco de ocorrência de incêndios com consequências devastadoras para as pessoas e os seus bens e também a baixa rentabilidade da propriedade por hectare. Uma grande percentagem da área da AIGP do Caniçal, não tem qualquer gestão nem cuidado, há décadas. Há pessoas que já tem muita dificuldade a identificar os limites das suas propriedades. Esta é uma realidade dura de se ouvir, mas tem que ser dita, nós abandonamos a nossa floresta por incapacidade de nos organizarmos conjuntamente para a gestão da mesma”, disse na altura aquele responsável.
Na mesma entrevista, José Luís Afonso lembrou que “as AIGP procuram aumentar os índices de segurança das pessoas que vivem no território florestal, diminuir a possibilidade de ocorrência de grandes incêndios, como o que aconteceu em 2020 nesta região, promovendo as referidas alterações da paisagem. Se a AIGP do Caniçal conseguir alcançar estes 2 objetivos, nos próximos 20 anos, são dois benefícios diretos para as nossas populações. Mas os benefícios não se ficam por aqui, uma vez que a possibilidade de promover a gestão conjunta do território, permite reflorestar os seus terrenos a custo zero pelo investimento inicial, permite baixar os custos com manutenção a médio e longo prazo e consequentemente aumentar a rentabilidade por hectare, independentemente da cultura ou espécie implantada. Não tenho dúvidas que a gestão conjunta aumenta a segurança das pessoas e bens das mesmas, minimiza os custos de produção e manutenção e maximiza por via da escala a rentabilidade dos produtos. Ou seja, a madeira será valorizada, mas paralelamente abrem-se portas à possibilidade de desenvolvimento de negócios ligados à agricultura, à agropecuária, ao turismo, etc…”.
Neste processo o presidente da AIGP do Caniçal salientou o apoio da Câmara de Oleiros, “que reconheceu o valor do projeto e respondeu afirmativamente”.
Na nota, é referido que três anos depois da “assinatura do Contrato-Programa que aprovava a AIGP do Caniçal, envolveram-se no projeto cerca de duas centenas de proprietários, que representam cerca de 60% da área total da AIGP. A Junta de Freguesia continuará a apoiar a Associação da AIGP na identificação e mobilização dos proprietários, pela proximidade que tem com a população da freguesia, residente no território ou fora dele”.
No entrender da Freguesia, “os valores envolvidos, a dimensão da obra, o horizonte de vinte anos de gestão e o trabalho previstos no projeto, são razões mais do que suficientes para acalentar alguma esperança aos oleirenses, no que respeita à nossa maior riqueza, a floresta. Trata-se de um projeto a longo prazo que não pretende dar espetáculo nem promover pessoas, mas sim planificar e desenvolver ideias de futuro, aquelas que mais falta fazem ao nosso território”.
A freguesia adianta ainda que “para as pessoas que vivem em territórios florestais como o de Oleiros, impulsionar uma nova forma de gestão conjunta é um desafio tremendo. Através dele, serão implementados novos modelos de negócio (florestal, agrícola e agropecuário) e será alterado o mosaico da nossa floresta, tornando-a mais resistente aos incêndios, mais diversa, mais sustentável e mais rentável”.
José Luís Afonso lembrou ainda que “esta é uma nova forma de olhar a floresta, sobretudo no que diz respeito à gestão da propriedade privada, com apoios públicos comunitários. Dou mais uma vez o exemplo do proprietário que reside fora do concelho ou do país, proprietário de um ou mais terrenos, sem quaisquer conhecimentos técnicos ou experiência florestal, sem tempo nem capacidade para gerir as propriedades, sem capacidade negocial para adquirir prestações de serviços ou negociar. A AIGP do Caniçal é uma oportunidade para todos, mas sobretudo para esta tipologia de proprietários, que não tendo oportunidade de gerir, consegue manter a propriedade e ter forma de a tornar rentável, delegando a gestão”.