Editorial
Reflexão
Estamos no final de 2024 e continuam por ser adotadas medidas que valorizem o interior do país. Medidas que possam fazer a diferença para captar mais gente para os nossos territórios, para fixar mais pessoas, para no fundo evitar que a médio-longo prazo concelhos como o nosso sejam colocados em causa pelo Poder Central, à semelhança do que aconteceu, num passado não muito afastado, com as freguesias.
O que é diferente merece ser tratado de forma diferente. E todos os cidadãos são iguais. Vivam nas grandes cidades ou na mais pequena das localidades. Todos devem ter os mesmos direitos e os mesmos deveres. Quanto aos deveres é claro que todos pagam impostos de igual forma, independentemente do local em que vivem. Já no que respeita aos direitos não é bem assim. Portugal, ao longo de décadas, através de diferentes governos de esquerda e de direita, foi adotando medidas que em muito contribuíram para que a corda fosse colocada na garganta da maioria dos concelhos do interior do país.
Os exemplos de políticas que não tiveram em conta as características e as diferenças do país são muitas. Enuncio apenas alguns: encerramento de postos da GNR, encerramento de postos de CTT, diminuição de cuidados de saúde (o que obrigou as autarquias a assumirem muitos deles), encerramento de quartéis militares no interior de Portugal (Castelo Branco chegou a ter dois, hoje não tem um único), a falta de investimento em vias de comunicação (há mais de 30 anos que se reclama por uma nova ligação entre Oleiros e a capital de distrito, Castelo Branco), ou a falta de investimento e de políticas sérias para a floresta (há muita parra e pouca uva, ou como referia a rábula dos Gato Fedorento: eles falam falam, mas eu não os vejo a fazer nada…).
A questão é que por mais que os agentes locais lutem, sem uma política efetiva e objetiva do Governo, dificilmente se inverterá uma tendência negativa de despovoamento. É certo que a vinda de imigrantes tem permitido colmatar muitas das partidas, mas isso por si só não é suficiente.
De igual modo, também as entidades oficiais, autarquias, freguesias, direções regionais, entre outras, devem olhar para o seu território, para os seus agentes económicos que empregam pessoas e fixam gente, como parceiros reais e, não apenas, quando lhes dá jeito. Que este Natal possa ser também motivo de reflexão e que 2025 possa trazer esperança.
A todos Boas Festas e um Feliz Ano Novo!