Crónica
Gerir o declínio
Há
tempos li um artigo onde alguém, atualmente com responsabilidades
governamentais, defendia que "há partes do Interior onde é
necessário gerir o declínio", assumindo que "há porções do nosso
território onde não vai ser possível recuperar população e
atividade económica".
Num país tão pequeno como o nosso
e com tantas potencialidades, custa-me ler tal fatalismo. Depois de
tantos milhões recebidos, será que não somos capazes de os aplicar
de forma equitativa e eficaz e tirar partido do melhor de cada
quilómetro quadrado deste pequeno retângulo à beira mar plantado? E
se de Bruxelas olhassem para todo o território comunitário e de
repente, considerassem algumas "porções" (como Portugal, por
exemplo) definitivamente inviáveis?
Refletindo um pouco sobre o
assunto, entendo que existem três caminhos a seguir: gerir o
declínio, promover a diferença ou alimentar a demagogia. Na minha
opinião e como na maioria das situações, "no meio (ou no centro)
está a virtude" e defendo a segunda opção, promover a diferença. É
pela diferenciação e pela excelência que nos afirmamos e tornamos
mais competitivos e atrativos. Sem demagogias nem fatalismos, mas
com muita vontade e capacidade.
Não podemos resignar-nos ou
baixar os braços, há que optar por "gerir o desígnio", o desígnio
que todos nós temos - enquanto ativos do território - em
acrescentar-lhe valor. É dessa determinação que o chamado Interior
precisa.