Autarquia negoceia com administração regional de saúde
SAP fecha à meia noite, mas chegam novos serviços
O aumento de consultas médicas, a
realização de consultas de especialidade no centro de Saúde de
Oleiros (casos de urologia, hipertensão, nefrologia, medicina
interna ou gastroenterologia) e a criação de uma unidade de doentes
acamados são algumas das contrapartidas negociadas pelo presidente
da Câmara de Oleiros, Fernando Jorge, e a Administração Regional de
Saúde do Centro, como contrapartida do encerramento do Serviço de
Atendimento Permanente (SAP), entre a meia noite e as 8 horas da
manhã.
A confirmação desses novos serviços
foi dada ao Oleiros Magazine pelo próprio presidente da Câmara, que
acrescentou ainda a "importância de Oleiros possuir um posto de
emergência médica em Oleiros e de transportes rápidos". Fernando
Jorge lembrou que a aposta é "colocar a saúde ao serviço das
populações". Por isso, diz, "vamos apostar na medicina de
proximidade. Iremos ter uma carrinha que percorrerá todo o
concelho, com um enfermeiro, o qual irá à casa das pessoas, ver a
sua tensão arterial ou preparar os medicamentos".
Fernando Jorge adianta ainda que
irão ser "feitos rastreios à população". Por outro lado, diz o
autarca, "iremos apoiar o transporte dos serviços de urgências
quando ocorrerem nesse período".
Já em declarações à Lusa, o
presidente da Câmara de Oleiros disse que se falar como político "é
contra o encerramento do Serviço de Atendimento Permanente (SAP)"
no concelho, mas que se falar "como médico" a medida "é correta e
vantajosa" para a população.
"Em Oleiros, atendíamos um doente,
em média, de quatro em quatro dias. Se fosse uma verdadeira
urgência, enviava-se para Castelo Branco. Na verdade, o que existia
era uma falsa urgência, com custos elevadíssimos e com prejuízos
para a população", disse Fernando Marques Jorge à agência Lusa.
Recorde-se que o encerramento do
SAP durante a noite foi anunciado pelo presidente da Unidade Local
de Saúde (ULS) de Castelo Branco. Com esta medida, na área de
abrangência da ULS de Castelo Branco (Penamacor, Idanha-a-Nova,
Castelo Branco, Vila Velha de Ródão, Proença-a-Nova, Oleiros, Sertã
e Vila de Rei), durante a noite, ficam apenas a funcionar o Serviço
de Urgência do Hospital de Castelo Branco e o SAP da Sertã.
Em declarações à Lusa, Vieira Pires
garantiu que a decisão "não foi tomada de ânimo leve", mas disse
que se impunha depois de um estudo, elaborado durante os últimos
dez meses, ter concluído que, durante a noite, o número de doentes
"é muito reduzido".
"Em Oleiros, a média é de 0,16%, ou
seja, são precisas cinco a seis noites para que haja um doente. Em
Idanha-a-Nova, a média é um pouco mais alta, são necessárias três a
quatro noites", afirmou.
O presidente da ULS de Castelo
Branco referiu que, "por não haver doentes", se estava a
"desperdiçar dinheiro", que pode ser utilizado "em meios mais úteis
e que beneficiarão mais as populações".
Vieira Pires acrescentou que, nesse
sentido, será deslocalizado mais um médico para Oleiros, onde
atualmente o serviço é assegurado por dois médicos a tempo inteiro,
por outro a meio tempo e por uma médica de Saúde Pública algumas
horas por semana.