crónicas da terra
Por trás da celebração...
A 31 de dezembro, são habituais os festejos, quer
para nos despedirmos do ano que termina, quer para celebrar a
entrada nos próximos 365 dias da vida de cada um de nós. Nos
primeiros minutos do novo ano os desejos mais pedidos são Paz,
Saúde, Amor, Dinheiro…tudo depende de quem os deseja, dos seus
valores e das suas maiores necessidades. No entanto, algo que é
comum é o brinde que se ergue um pouco por todo o Mundo, a
acompanhar o fuso horário de cada País. E os protagonistas destes
brindes são o champanhe ou o espumante. Qual a diferença? Pois bem,
todo o champanhe é espumante, mas nem todo o vinho espumante é
champanhe…apenas se este for produzido na região de Champagne, no
nordeste de França, sob normas regulamentadas. Por exemplo, apenas
três tipos de uva são permitidos para o fabrico de champanhe (as
tintas Pinot Noir e Pinot Meunier e as brancas Chardonnay).
Já o termo espumante aplica-se a
vinhos cuja efervescência resulta de uma fermentação alcoólica
conduzida em recipiente fechado. A produção de um espumante é
sempre dividida em duas grandes fases: a primeira é a vinificação
do vinho base e a segunda é a sua espumantização. Das várias formas
de produzir espumante, a mais utilizada é o "Método Clássico" ou
"Método Champanhês" cuja fermentação decorre em garrafa. Neste
método, desde a colheita até ao produto final, são muitos os
cuidados que fazem toda a diferença na qualidade desta bebida.
Assim, por forma a garantir-se uma frescura ácida, e a obter-se um
vinho base com um grau alcoólico baixo que permita uma segunda
fermentação (dentro da garrafa), a vindima tem que ser realizada
com as uvas ainda em submaturação, e o seu acondicionamento terá
que ser igualmente cuidado, por forma a evitar o rebentamento dos
bagos e a consequente libertação de mosto antes da chegada à
prensa. Aqui, as uvas não devem ser esmagadas, para evitar
fenómenos de maceração. Nesta fase, pretende-se aplicar uma pressão
reduzida, que permita obter um sumo com pouca cor, mesmo a partir
de uvas tintas. Antes da primeira fermentação, conduzida a baixas
temperaturas, em cubas de refrigeração, é necessária a inertização,
e a utilização de sulfuroso, para evitar a oxidação do mosto, às
quais se seguem o seu choque térmico, clarificação e inoculação com
leveduras.
Depois de preparado o vinho base
para espumantização, este é engarrafado e misturado com um licor de
tiragem, cuja concentração de açúcar vai permitir que se desenvolva
uma pressão interna durante a fermentação no interior da garrafa, e
consequente produção de CO2. Após a tiragem, as garrafas são
capsuladas com a vulgar cápsula de coroa e colocadas na horizontal.
Escolhe-se o período mais frio do ano, Janeiro, para que a
fermentação demore cerca de um a dois meses sob uma temperatura
relativamente baixa, 10ºC a 12ºC. Estas condições garantem uma
fermentação lenta e regular, muito importante para a qualidade do
produto final. Seguem-se dois passos de nome francês, "remuage" e
"degorgement". O primeiro consiste em agitar ligeiramente a garrafa
e rodá-la 1/4 de volta para que as impurezas não adiram às paredes
da mesma. Aumenta-se a inclinação da garrafa de modo a que as
impurezas se vão alojar num orifício existente na rolha provisória.
No segundo, mergulha-se o gargalo da garrafa numa salmoura gelada a
cerca de 20º negativos.
Forma-se um pequeno bloco de gelo
onde vêm agarradas as impurezas que estavam junto ao gargalo. Nesta
operação perde-se cerca de 5 a 4 cl de líquido, que posteriormente
é compensado com a adição de um licor de expedição. Este licor
contém normalmente açúcar e a sua dose permite produzir espumantes
que vão desde o "Extra-Bruto" passando pelo "Bruto", e pelo
"Meio-Seco", até ao "Doce". A partir daqui, o espumante recebe a
sua definitiva rolha de cortiça, que alegremente fazemos saltar
para comemorar a Passagem de Ano.
Depois da explicação técnica, que
se encham as flutes e que venham mais 365 dias de um Novo Ano!
Feliz 2013!