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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Alemães mantêm-se irredutíveis
Steiff fecha portas em março

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A empresa alemã Steiff instalada há 22 anos em Oleiros vai encerrar a sua fábrica na vila no próximo dia 15 de março. O alerta foi dado pelo próprio presidente da Câmara, José Marques, que ainda tentou demover os responsáveis alemães dessa ideia, envolvendo o próprio Ministério da Economia, mas apesar de alguns apoios garantidos a posição manteve-se a mesma. Com o encerramento da Steiff ficam no desemprego 103 pessoas. No final de novembro surgiu a possibilidade da fábrica se manter em funcionamento, através da constituição de uma nova empresa em que o atual administrador da Steiff em Portugal seria sócio. Acontece que essa ideia não gerou consensos entre os trabalhadores. Até ao fecho da nossa edição tudo apontava para o encerramento definitivo da fábrica, embora o Oleiros Magazine tenha conhecimento que poderá haver outras empresas interessadas em vir para o concelho de Oleiros. Segundo apurámos, o plano que previa a continuidade da fábrica (com 60 funcionários), previa que a própria Steiff se comprometia a fornecer todo o material para funcionamento da fábrica e adquirir os bonecos ali produzidos durante dois anos. Instalada há 22 anos em Oleiros, a fábrica Steiff tem sido responsável pela produção das coleções mais importantes da marca. Recentemente produziu uma coleção para o aniversário da Rainha de Inglaterra, e o peluche que Angela Merkel ofereceu ao filho do ex-presidente francês Nicolas Sarcozy foi produzido em Oleiros. A nova administração alemã da Steiff decidiu entretanto encerrar a fábrica portuguesa, deslocalizando-a para a Tunísia, o que levou a uma forte contestação da autarquia de Oleiros. Com a saída da Steiff de Oleiros, o presidente da Câmara, garante que a "autarquia irá promover aquele espaço para sensibilizar outras empresas a virem para Oleiros". José Marques recorda que "o espaço pode ser cedido, caso o número de funcionários o justifique", e acrescenta que "em Oleiros não é cobrada derrama às empresas, para além de outras vantagens como o facto de se ter a água mais barata do país".

História do processo

Ao longo deste processo, a autarquia de Oleiros reuniu-se com o governo e com o gabinete da Presidência da República, no sentido de evitar esse encerramento. O próprio presidente da autarquia escreveu uma carta à chanceler alemã, para que ela própria interviesse no processo. Nessa missiva, o autarca de Oleiros apela à governante alemã que "encete todas as diligências possíveis para demover a administração da empresa Steiff da sua pretensão e evite assim o consumar de uma tremenda irresponsabilidade moral e social". O presidente da autarquia manifestou a sua "profunda preocupação com a pretensão da administração da empresa alemã Steiff de deslocar a unidade de produção sedeada em Oleiros para a Tunísia". José Marques explicou que "esta unidade de produção instalada em Oleiros, há mais de vinte anos é responsável pelo emprego de mais de cem famílias, sendo em muito dos casos a única fonte de rendimento destes agregados familiares". O presidente da Câmara recordou que "desde o início da instalação desta unidade de produção a empresa teve o apoio total desta autarquia, as instalações são propriedade da Câmara Municipal que estão cedidas gratuitamente e foram recentemente ampliadas por duas vezes com o propósito de aumentar a produção da empresa. Com este tipo de apoios, o município tem mantido um esforço enorme para combater um problema real que se tem verificado no nosso país, o desemprego". Na carta, o autarca recorda que "no ano de 2003, este concelho foi fustigado pelos incêndios, ardendo mais de 75 % da área do nosso território. Esta calamidade levou a um decréscimo elevado da sustentabilidade económica de muitas das famílias deste concelho. Os cidadãos deste município têm sido alvo de inúmeras situações adversas dada a conjuntura do estado económico do país". A concluir, referia que, dada a importância do assunto, "juntos devemos concertar todos os esforços para que não se dê mais um passo para a escalada contra os interesses da nossa população".