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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
opinião
À mesa com todos

bacalhautodos.JPGCom a chegada do Natal, realizam-se as tradicionais Ceias de Natal, onde o "Bacalhau com Todos" marca a sua presença habitual, não faltando as genuínas couves produzidas no concelho, a partir da agricultura de subsistência. Na verdade, a generalidade da hortaliça que se produz em Oleiros é bastante apreciada e sempre teve um lugar de destaque como acompanhante dos mais variados pratos.

Influenciados pelo clima e pelo solo, é da conjugação de diversos factores que resultam afamados produtos da terra, obtidos através de uma agricultura familiar e de pequena escala, vindo assim aumentar o rendimento destes agregados nos espaços rurais.

Actualmente, com a crescente preocupação dos consumidores por questões relacionadas com a Saúde, verifica-se um aumento da procura pelos produtos naturais e obtidos segundo um modo de produção mais saudável, garantindo aos consumidores a exigida segurança alimentar.

226230_1946104822145_1528283821_32057036_6382741_n.JPGPor outro lado, a oferta destes produtos encontra-se concentrada nas zonas rurais, em micro produções familiares, das quais resulta um excedente de produção que tem o seu valor económico e que na maior parte das vezes é desaproveitado, facto que em algumas frágeis economias familiares poderia representar um importante acréscimo de rendimento.

Do ponto de vista sócio-ambiental, no âmbito de um sistema produtivo agro-silvo-pastoril, a agricultura pode funcionar como tampão à progressão dos incêndios florestais, humanizando a paisagem, beneficiando os ecossistemas e consequentemente, garantindo a subsistência da fauna autóctone.

A tendência que se verifica actualmente, face ao contexto económico que se vive em toda a Europa, prende-se com o retorno aos campos agrícolas. As pessoas começam a perceber cada vez mais as vantagens sociais, ambientais e económicas de produzirem os seus próprios alimentos, garantindo a sua segurança alimentar.

Colocam-se então duas questões: como escoar estes bens alimentares, dotados de valor económico e os quais poderiam representar benefícios directos em muitos orçamentos familiares e simultaneamente; como fazer chegar ao consumidor, ávido de produtos alimentares saudáveis, esse excedente de produção que à partida iria ser desperdiçado?

Segundo a frase popular "quem não é capaz de produzir o que come, passa fome" e sabendo que em Portugal importamos sessenta por cento do que comemos, talvez não seja difícil perceber que estamos perante uma situação que merece uma reflexão abrangente.

Talvez a resposta esteja numa mudança de mentalidades e na criação de mecanismos que permitam um escoamento eficaz desses produtos, fazendo-os chegar a diversos lares, restaurantes e alojamentos turísticos.

Desta forma fomentavam-se as economias locais, mantendo a actividade agrícola em muitas zonas desfavorecidas, ao mesmo tempo que se diminuíam as importações nacionais, tirando partido dos produtos de qualidade que existem nos quintais portugueses, para os quais existe procura, mas que invariavelmente desperdiçamos.

Votos de boas Consoadas.

 

Texto: Inês Martins

Foto: "O Santos" comida Portuguesa

Inês Martins
"O Santos" comida Portuguesa