opinião
À mesa com todos
Com a chegada do Natal, realizam-se as tradicionais
Ceias de Natal, onde o "Bacalhau com Todos" marca a sua presença
habitual, não faltando as genuínas couves produzidas no concelho, a
partir da agricultura de subsistência. Na verdade, a generalidade
da hortaliça que se produz em Oleiros é bastante apreciada e sempre
teve um lugar de destaque como acompanhante dos mais variados
pratos.
Influenciados pelo clima e pelo
solo, é da conjugação de diversos factores que resultam afamados
produtos da terra, obtidos através de uma agricultura familiar e de
pequena escala, vindo assim aumentar o rendimento destes agregados
nos espaços rurais.
Actualmente, com a crescente
preocupação dos consumidores por questões relacionadas com a Saúde,
verifica-se um aumento da procura pelos produtos naturais e obtidos
segundo um modo de produção mais saudável, garantindo aos
consumidores a exigida segurança alimentar.
Por outro lado, a oferta
destes produtos encontra-se concentrada nas zonas rurais, em micro
produções familiares, das quais resulta um excedente de produção
que tem o seu valor económico e que na maior parte das vezes é
desaproveitado, facto que em algumas frágeis economias familiares
poderia representar um importante acréscimo de rendimento.
Do ponto de vista sócio-ambiental,
no âmbito de um sistema produtivo agro-silvo-pastoril, a
agricultura pode funcionar como tampão à progressão dos incêndios
florestais, humanizando a paisagem, beneficiando os ecossistemas e
consequentemente, garantindo a subsistência da fauna autóctone.
A tendência que se verifica
actualmente, face ao contexto económico que se vive em toda a
Europa, prende-se com o retorno aos campos agrícolas. As pessoas
começam a perceber cada vez mais as vantagens sociais, ambientais e
económicas de produzirem os seus próprios alimentos, garantindo a
sua segurança alimentar.
Colocam-se então duas questões: como
escoar estes bens alimentares, dotados de valor económico e os
quais poderiam representar benefícios directos em muitos orçamentos
familiares e simultaneamente; como fazer chegar ao consumidor,
ávido de produtos alimentares saudáveis, esse excedente de produção
que à partida iria ser desperdiçado?
Segundo a frase popular "quem não é
capaz de produzir o que come, passa fome" e sabendo que em Portugal
importamos sessenta por cento do que comemos, talvez não seja
difícil perceber que estamos perante uma situação que merece uma
reflexão abrangente.
Talvez a resposta esteja numa
mudança de mentalidades e na criação de mecanismos que permitam um
escoamento eficaz desses produtos, fazendo-os chegar a diversos
lares, restaurantes e alojamentos turísticos.
Desta forma fomentavam-se as
economias locais, mantendo a actividade agrícola em muitas zonas
desfavorecidas, ao mesmo tempo que se diminuíam as importações
nacionais, tirando partido dos produtos de qualidade que existem
nos quintais portugueses, para os quais existe procura, mas que
invariavelmente desperdiçamos.
Votos de boas Consoadas.
Texto: Inês Martins
Foto: "O Santos" comida
Portuguesa
Inês Martins
"O Santos" comida Portuguesa