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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
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O meu Primeiro Porsche

motor cópia.JPGHoje a crónica vai ser um pouco revivalista, trazendo para aqui a história do meu primeiro Porsche, não que seja verdadeiramente meu, mas porque foi aquele que até hoje perdura na minha memória e que continuo a acarinhar.

O meu primeiro contacto com um verdadeiro Porsche, foi em 1977 (aos 14 anos) num Rali de Castelo Branco onde o meu conterrâneo André Martinho se apresentou com um Carrera RS nesta prova do campeonato nacional. Lembro-me de o ver à partida, mesmo em frente à Câmara Municipal. Não sendo um piloto "de fábrica", o André conseguiu ao longo dos anos um conjunto muito interessante de resultados.

Naqueles tempos um "Porsche de corridas" numa cidade do interior era, para quem nutria gosto pela competição automóvel, o verdadeiro centro das atenções da rapaziada. Inúmeras vezes acompanhávamos o Zé (mecânico do André Martinho) a preparar o carro antes e após cada rali, no stand/oficina, na Praça Rainha D. Leonor, bem perto da Escuderia Castelo Branco. Era uma prazer estar sentado na esplanada das Tílias e ver o Zé trabalhar empenhadamente na preparação da "bomba branca". Desde então, acompanhei diversas corridas do André ao vivo, no Rali de Portugal, nas Rampas de Portalegre e Serra da Estrela, bem como nos ralis da minha terra.

Devido à diferença de idade, não era muito chegado ao André, que sendo uma pessoa reservada, não regateava no entanto explicações aos miúdos mais curiosos. Já falecido vitima daquelas doenças que não perdoam, o André não teve ainda a homenagem merecida. Para já aqui fica uma foto, da então revista Motor de Abril de 1978, da sua participação do Vinho do Porto de 78. O CA-50-14 foi sem dúvida o meu primeiro Porsche, pela forma como o acompanhei, bem à semelhança do que fazem hoje os fanáticos do futebol com as suas equipas. Ao que sei o carro ainda existe no Porto, aguardando restauro.

Bem perto de onde morava, outros gigantes do mundo Porsche, deslocavam-se por essa altura, todos os anos a Portugal, mostrando que eram dos melhores a preparar Porsches de corrida. É verdade foi na "rampa da serra" que algumas vezes vi o Jean -Marie e o Jacques Almeras, exibirem-se ao mais alto nível, chegando mesmo o Jean-Marie a vencer a edição de 1978. Também eles foram para mim "uma fonte de inspiração Porsche", especialmente, quando uma vez por ano, tínhamos esse "banho de cultura Porsche" nas assistências junto ao estádio da Covilhã.

Outro marco importante, na "minha cultura Porsche", remonta também ao ano de 1978, com a vitória surpresa do Jean Pierre Nicolas no Monte Carlo. Numa época pouco globalizada, foi a influência dos irmãos Pires Preto, (meus colegas de liceu) que me chamaram a atenção para o feito do Jean Pierre que conseguiu bater as equipas de fábrica que lutavam pela vitória, nas provas do mundial de ralis. O Tó Zé e o Carlos Pires Preto (já falecido), apressaram-se a comparar o kit 1:43 e rapidamente produziram a réplica deste famoso Carrera Almeras.

Em 2008, trinta anos depois dos factos que relatei, o meu amigo Luis Brito conseguiu levar-me à catedral Porsche em Stuttgart. Visitámos a fábrica e o museu, onde para além da tecnologia sobressaiu o carinho com que são construídas estas maravilhas, mas ao mesmo tempo foi uma permanete visita ao passado, com as recordações das corridas do Carrera RS do André a estarem sempre presentes.

Paulo Almeida

Paulo Almeida