Para a Função Pública
OE: Governo corta subsídio de férias e de Natal
Cortes de despesa em toda a linha, maior
controlo nas verbas e uma mais que provável penalização da Madeira
nos fundos do orçamento são algumas das linhas de austeridade
traçadas por este Governo na versão preliminar do
documento.
O primeiro-ministro anunciou no passado dia 13 um novo
pacote de austeridade previstas no Orçamento do Estado para 2012,
que elimina os subsídios de Natal e férias para os funcionários
públicos e para as pensões acima de mil euros até final de
2013.
Entre as medidas anunciadas,
constam:
- A eliminação dos subsídios de férias
e de Natal para todos os vencimentos dos funcionários da
Administração Pública e das empresas públicas acima de mil euros
por mês, bem como para os pensionistas com prestações superiores a
este valor. Já os vencimentos situados entre o salário mínimo e os
mil euros serão sujeitos a uma taxa de redução progressiva, que
corresponderá, em média, a um só destes subsídios;
- A redução considerável de "bens da
taxa intermédia do IVA, embora assegure a sua manutenção para um
conjunto limitado de bens cruciais (…) para setores de produção
nacional, como a vinicultura, a agricultura e as pescas". Não
haverá alterações na taxa normal do IVA e os bens essenciais terão
taxa reduzida;
- A manutenção do valor da Taxa Social
Única (TSU) e, em alternativa, permitir que o horário de trabalho
no setor privado seja aumentado em meia hora por dia nos próximos
dois anos;
- As deduções fiscais em sede de IRS
para os dois escalões mais elevados serão eliminadas e os restantes
verão reduzidos os limites existentes, mas serão salvaguardadas
majorações por cada filho do agregado familiar. Serão isentos de
tributação em sede de IRS a maioria das prestações sociais,
nomeadamente, o subsídio de desemprego, de doença ou de
maternidade;
- Cortes "muito substanciais" nos sectores da Saúde e da
Educação.
- O Setor Empresarial do Estado (SEE)
será alvo de uma "profunda reestruturação", face ao agravamento
"substancial" do peso dos prejuízos e do endividamento. Esta
reestruturação deverá passar, entre outras medidas, pelo
congelamento da atribuição de prémios a gestores públicos enquanto
durar o Programa de Assistência Económica e Financeira, ou seja,
até ao final de 2013.
Mas os cortes abrangem todos os setores, aqui ficam
algumas das propostas da versão preliminar do Orçamento de Estado
para 2012:
Administração
Pública
- O Governo irá cortar mais 0,1 por cento do PIB em
investimento para compensar o desvio orçamental deste ano para além
do já anunciado, reduzindo no entanto a contribuição das
transferências de fundos de pensões em igual valor.
- As associações e outras entidades privadas vão passar
ver o seu financiamento público divulgado.
- A reorganização dos serviços públicos fica novamente
suspensa até ao final do próximo ano, a não ser para reduzir cargos
dirigentes e para diminuir a despesa.
- O Governo quer cativar 2,5 por cento das verbas totais
dos serviços e organismos do Estado e 12,5 por cento em
investimento, entre outros pontos alvos de cativações, à semelhança
do que aconteceu este ano.
- Os administradores das empresas públicas que não paguem
aos fornecedores em tempo útil "incorrem em responsabilidade
financeira e disciplinar".
- O Governo vai criar, no próximo ano, um novo plano de
regularização das dívidas aos fornecedores.
- Membros do Governo só possam deslocar-se em classe
executiva nas viagens de avião superiores a quatro
horas.
Administração Regional e
Local
- O Governo inscreveu 7,4 milhões de euros para pagar os
salários dos presidentes das Juntas de Freguesia.
- O Governo pode vir a reter quase 200 milhões de euros
das transferências orçamentais para a Madeira devido à violação dos
limites de endividamento apurados em 2011, de acordo com uma versão
preliminar do orçamento para 2012
- As autarquias terão obrigatoriamente de reduzir no
mínimo em 15 por cento o número de cargos dirigentes nos primeiros
seis meses de 2012.
Empresas
- O Governo pretende reestruturar o grupo RTP de maneira a
realizar uma forte contenção de custos operacionais em 2012, com o
objetivo de reduzir o esforço financeiro dos contribuintes e criar
condições para a alienação de um canal de televisão
- O Governo vai avaliar a eventual concessão das carreiras
e linhas da Carris, da STCP e do Metropolitano de
Lisboa.
- Privatização dos CTT e renegociação do contrato de
concessão com a Portugal Telecom (PT), operadora responsável pelo
serviço universal de comunicações, avançam em 2012.
- As participações do Estado na EDP, REN e GALP serão
alienadas até ao final deste ano.
- O Governo vai definir e concretizar os modelos de
privatização da TAP e da ANA - Aeroportos de Portugal, ao mesmo
tempo que vai reavaliar a construção de um novo aeroporto na região
de Lisboa.
- A substituição do endividamento por investimento
estrangeiro, em parte através das privatizações, é um dos pilares
da reforma da economia prevista pelo Governo.
Impostos
- O Governo prevê passar em 2012 para as câmaras a
responsabilidade de cobrança dos impostos municipais, como o IMI e
a derrama.
Saúde
- Os utentes que não paguem as devidas taxas moderadoras
nos serviços de saúde ficam sujeitos a coimas mínimas de 50 euros,
cuja cobrança passa a ser feita pela Direção Geral de
Impostos.
Economia
- Será criado um "Passaporte para a Exportação", uma
medida destinada a facilitar o acesso das empresas especialistas em
comércio internacional nos setores e mercados
prioritários.
- O Governo vai adotar um novo projeto da Lei da
Concorrência, que esteja harmonizado com o quadro legal da União
Europeia.
Cultura
- Património, livro, leitura, Acordo Ortográfico e uma
"nova política" de apoios, para "libertar as Artes da tutela do
Estado", são prioridades da Cultura.
Comunidades
- O Governo tenciona criar gabinetes de apoio nas
instituições associativas das comunidades portuguesas.
- O Governo pretende intensificar a relação privilegiada
mantida com Angola em todos os setores.
Diplomacia
- O reforço da diplomacia económica para "afirmação da
credibilidade externa de Portugal" é um dos principais "eixos de
ação" da política externa portuguesa.
Desporto
- A criação de um Museu/Casa do Património do Desporto e a
implementação de um Plano Nacional para a Ética são as duas
"prioridades imediatas" para o setor.
Defesa
- Os três ramos das Forças Armadas vão ser obrigados a
reduzir pessoal em regime de contrato e voluntariado em 2012,
cabendo ao Exército 12.939 militares, 2.673 à Força Aérea e 2.098 à
Marinha Portuguesa
Energia
- A Estratégia Nacional de Energia vai ser revista para
reduzir o consumo em 25 por cento.
Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico