Newsletter
Subscreva a nossa newsletter

Newsletter

FacebookTwitter
Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Pedro Abrunhosa em entrevista
O espectáculo não pode parar

P ABR - FOTO 2.JPGPedro Abrunhosa & O Comité Caviar são cabeça de cartaz do Dia do Concelho. Em entrevista, o autor de temas tão carismáticos como  "Momento", "Não Desistas de Mim", ou "Fazer o que Ainda não foi Feito"  afirma que a arte é ousadia e fala do papel que as autarquias e as Comissões de Festas têm tido na divulgação da música e da cultura, no interior do país. Também defende que independentemente dos cortes financeiros que o país venha a sofrer, nunca como agora foi tão actual a expressão «o espectáculo vai continuar».   

 As Festas das localidades são das poucas formas de trazer a cultura para o Interior do País?

É um trabalho notável que as Câmaras fazem com as festas das cidades e das vilas. Da nossa parte fazemos tudo para viabilizar esses espectáculos, atendendo a que estrutura não é fácil. Adaptamo-nos, somos camaleónicos nesse aspecto, para não inviabilizar o levar a cultura ao interior do país. Se não for assim, se não for por este papel que as associações de bairro, as comissões de festas, as vereações de Câmara fazem, se não for por isso, realmente o zero vírgula três ou dois por cento, que o orçamento de estado tem para a cultura, não é possível. Mas estes concertos também têm a vertente de atrair muito público, há uma mais valia que também trazem. Portanto, fica toda a gente a ganhar.

 Com o clima económico que atravessamos as autarquias poderão fazer cortes que afectarão mais a cultura e os espectáculos de música?

É uma das grandes preocupações. Mas gostaria de não centrar este fenómeno, na cultura e na música. Já é um problema, sempre foi um problema, porque sempre foi aqui que se cortou, portanto mais cortes será drástico. Mas, temos de estar solidários com o resto do país. Embora como se vê, e no estrangeiro idem, nós somos os grandes fomentadores da cultura e da língua portuguesa, e somos, para além de tudo, rentáveis. Os espectáculos, sejam à porta fechada, ou à porta aberta, têm sempre mais valia. Seremos penalizados sim, como o resto do país será penalizado, por erros que não fizemos. Não fomos nós que estivemos a gerir o país, mas agora temos de estar todos solidários. Mas uma coisa é certa o espectáculo não pode parar, nunca esta expressão esteve tão actual. Independentemente dos cortes que sejam feitos, o espectáculo vai continuar.

  Nos espectáculos está a interpretar temas do mais recente registo. Trata-se de um trabalho de ruptura? Quando é que um músico percebe que é altura de mudar e trocar de banda?

Quando as coisas se cristalizam. Quando o sucesso se torna institucional e as pessoas já estão a espera que se façam sempre sucessos. Sobretudo se a estrutura interna do grupo cristaliza. Estamos a falar de músicos e técnicos, uma estrutura de 47 pessoas se deixa de ser uma diversão para passar a ser um emprego, está na altura de mudar tudo. A música é uma emoção, é magia, é encantamento, empatia com o público, não é um emprego. É uma forma de levar às pessoas a magia que lhes é retirada. O músico tem de romper consigo próprio, ousar. Mas a arte é isso, ousar.

 O músico nunca se pode acomodar com aquilo que já fez?

Ninguém se pode acomodar com o que já fez. Por isso é que escrevi uma canção "Fazer o que Ainda não foi Feito". O que está para trás, está para trás, está feito. Não vou dormir a ouvir os meus discos. Um escritor não lê os seus livros, escreve outro. Tenho uma atitude completamente despegada do passado, eu tenho uma atitude de futuro. Aquilo que interessa é o que vou fazer para frente.

 O single O Rei do Bairro Alto chegou às rádios numa versão acústica e também numa remistura. Agrada-lhe esse tipo de abordagem das músicas?

É uma forma de irmos a vários públicos. O single está em alta rotação como Fazer o que Ainda não foi Feito e Não Desistas de Mim. É uma forma de também satisfazer os mercados.

  O seu trabalho chegou também à venda digital. Na sua opinião, como músico profissional, daqui a cinco anos a música vai passar muito pela venda na internet?

A música passa por espectáculos, passa por boas canções. Quando as canções existem, estão na memória das pessoas, passaram de geração em geração, isso é o que faz a música. O formato em que é vendida, se é dentro de uma lata de feijão, ou num Cd, se é  Internet ou é via foguetão, é irrelevante.

Eugénia Sousa e Hugo Rafael (Ràdio Condestável)
Direitos Reservados