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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Março 2024 nº90 Ano XXII
Opinião
A grandeza dos territórios

InesMartins.JPGNo ano em que se assinala o centenário do nascimento de José Saramago, a 16 de novembro do presente, realço a constatação do Nobel português ao percorrer o concelho de Oleiros: “como pode ser tão grande tão pequeno país”.
Esta afirmação pode ser lida na obra “Viagem a Portugal” e resultou de um périplo que o autor fez pelo território nacional, entre os anos 79 e 80. É interessante verificar que tenha surgido exatamente ao percorrer o tapete verde ondulante, com cerca de 500 Km2, que constitui o nosso concelho.
Para além de fatores geográficos, existem outras variáveis que, no meu entender, são fundamentais para a noção da dimensão dos territórios. Em primeiro lugar, a grandeza da alma das suas gentes. É essencial. Mas não esqueçamos os seus ativos naturais, paisagísticos, históricos e culturais (materiais e imateriais). A este nível, refiro a excelência dos nossos recursos endógenos, associada a um saber-fazer que cada vez mais nos valoriza e afirma, veja-se o caso do artesanato ou da gastronomia…
Temos no concelho vários produtos que nos orgulham e que estão inscritos na nossa matriz identitária. Com abrangência concelhia ou regional, quer se trate de uma variedade, de uma casta ou da especificidade de um modo de produção ou técnica, a sua autenticidade e atributos diferenciadores locais, estão sempre lá.
A terminar e porque abordei a gastronomia, não posso deixar de lembrar Maria de Lourdes Modesto, recentemente falecida, pelo seu exemplo, pelo tanto que fez pela cozinha tradicional portuguesa e em particular, por Oleiros. Refira-se o seu papel incontornável na divulgação do Cabrito Estonado, iniciado na década de 60.
Quando foi entronizada Confrade de Honra da Confraria G. do Cabrito Estonado, em 2017, ao degustar um Bolo Dormente made in Oleiros, confidenciou-me que estava encantada com a iguaria e que esta lhe fazia lembrar o Brioche francês. Acabava de ser júri de um concurso nacional de folares e o nosso bolo dormente era superior a qualquer um dos que tinha avaliado.
Como podemos ver, o nosso potencial é imenso e “ingredientes” não faltam. Citando Saramago “é preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite…”

Inês Martins