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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Opinião
Apalaches, motor de desenvolvimento
InesMartins.JPGOs Apalaches são uma cordilheira de montanhas da América do Norte que se estende da Terra Nova e Labrador (no Canadá) ao estado do Alabama (no sudeste dos Estados Unidos da América). Do ponto de vista geológico, estas são montanhas antigas formadas há mais de 250 milhões de anos por colisão de vários continentes que deram origem ao supercontinente Pangea, com relevo suavizado pela prolongada ação dos agentes de erosão. 
Associado a esta cordilheira está o Trilho dos Apalaches, um percurso pedestre com cerca de 3500 km que atravessa os Apalaches no sentido do seu comprimento, passando por 14 estados dos EUA. Visitado anualmente por 4 milhões de pessoas, este é também conhecido como "o maior trilho contínuo de pegadas humanas do mundo". Por todos os motivos, percorrer o mais famoso Trilho do Mundo, é considerado uma obrigação para todos os pedestrianistas, pelo que se afirma que "todos deveriam fazê-lo pelo menos uma vez na vida".
Sendo um marco nos percursos pedestres, este serve de exemplo para diversos países que visem o desenvolvimento do ecoturismo, ou simplesmente o bem-estar da população. Percorrer este trilho é o sonho realizado de qualquer pedestrianista.
Numa lógica de expansão, este conceito começou a alargar-se ao Canadá e através do Atlântico Norte, em 2009, para a Gronelândia, Islândia e Ilhas Faroe, atingindo as costas da Escandinávia. Do mesmo modo, pelo Canal Inglês, atingiu as Ilhas Britânicas. A estratégia para o ano de 2012 passou pela entrada no continente europeu através de Portugal, seguindo depois para Espanha e França, assim como a entrada no continente africano através de Marrocos. Pretende-se a unificação do Arco do Atlântico Norte através do Desporto na Natureza.
No caso da entrada do projeto na Península Ibérica, foi considerado pela organização do International Appalachian Trail que fazia todo o sentido que este entrasse em Portugal pelo Geopark Naturtejo, sob inteira influência do Maciço Ibérico e dentro deste, na sua zona de montanha por excelência, no concelho de Oleiros, em plena Serra do Muradal.
Desta forma, a porta de entrada do IAT em Portugal ocorre na também denominada Grande Rota Muradal Pangeia, um percurso com 37 km que inclui uma via de BTT, uma escola de escalada e uma via ferrata  (a segunda do país). Este representa a aproximação do maior trilho contínuo de pegadas do mundo (situado no continente americano) à Europa. As sensações e as emoções são uma constante ao longo do relevo apalachiano da Serra do Muradal e permitem realizar um passeio magnífico por majestosos pontos de interesse, como os esplêndidos miradouros naturais no topo das cristas rochosas ou os diversos fósseis que se encontram a revesti-las (como em nenhum outro ponto do Mundo). 
O IAT pode assim alavancar o desenvolvimento do território de Oleiros na medida em que diversifica a oferta turística através de um projeto diferenciador e de escala internacional, ao mesmo tempo que valoriza e internacionaliza o património concelhio. Desta forma Oleiros posiciona-se como destino turístico de excelência, capaz de atrair diversos segmentos pela oferta de atividades únicas.
Por outro lado, a associação do território a uma marca de prestígio com a chancela IAT poderá atrair fluxos turísticos interessantes, assim como potenciar a articulação com outros produtos ligados à Gastronomia & Vinhos, como é o caso do Cabrito Estonado e do Vinho Callum, ou ligados a eventos de relevo na área do desporto aventura. Desta forma, criam-se novas atividades económicas no setor da hotelaria, restauração e animação turística, gerando riqueza e emprego no território.
Outra questão importante, prende-se com a valorização do património natural e cultural da Serra do Muradal e das suas aldeias envolventes, assim como o reforço do interesse científico em áreas como a geologia, a arqueologia, a botânica ou a ecologia.
Por último e não menos importante, acresce referir a humanização da paisagem e o aumento da auto-estima das comunidades de montanha existentes, assim como o envolvimento das gentes e dos parceiros locais neste projeto, o que vem fomentar o sentimento de identidade e pertença ao território, tão essenciais para o seu progresso.
Inês Martins
(Engenheira Agrónoma)