Balanço positivo
Hotel Santa Margarida faz três anos
O Hotel Santa Margarida, em Oleiros,
está a assinalar três anos de vida. Com uma taxa de ocupação a
subir, aquela unidade emprega 16 pessoas e tem contribuído para a
divulgação da gastronomia tradicional. Fernando Carvalho,
responsável pela unidade, mostra-se satisfeito e fala da
importância da unidade.
Qual o balanço destes três
anos de funcionamento do Hotel?
É verdade que estamos a concluir o
terceiro ano de actividade do hotel, que muito nos satisfaz!
Tem sido um projeto extremamente
exigente, tal como esperávamos, dado que: a vila de Oleiros está
localizada fora dos eixos de circulação rodoviária e numa região
ainda pouco conhecida; Os atrativos em termos de animação
turística, no sentido lato do termo, são ainda incipientes e pouco
focados no turista, comparativamente a outras regiões como o
Alentejo e o Douro. Estamos a este nível a concorrer com regiões
que apostaram no turismo há muito mais tempo....; A procura do
segmento empresarial é muito baixa, facto que acentua os efeitos da
sazonalidade, com uma ocupação muito baixa durante os dias de
semana; O aumento da fiscalidade no sector, nomeadamente o IVA, tem
um forte impacto na rentabilidade das empresas do setor; A situação
económica e financeira do país penalizou fortemente esta atividade,
quer ao nível da procura quer do preço.
É um facto que a procura global no
turismo aumentou, mas a oferta também aumentou em proporção
equivalente. Grande dificuldade de recrutamento de pessoal
qualificado. Trata-se de um atividade muito exigente em termos de
dedicação e disponibilidade, onde os pormenores fazem a diferença…
Este tem sido, sem duvida, um dos maiores desafios que temos vindo
a enfrentar! Mas é com muita satisfação que constatamos a evolução
pessoal e profissional dos colaboradores que temos vindo a formar,
que se reflecte na melhoria do nosso serviço e tem proporcionado
oportunidades a quem decidiu optar por outros projetos.
Contudo, apesar destes obstáculos,
foi possível manter o projeto ativo e focado na missão que
definimos desde início: "O Hotel Santa Margarida tem como objetivo
fundamental assumir-se como fator de desenvolvimento local, numa
perspetiva de sustentabilidade económica e social".
E qual a taxa de
ocupação?
Tem vindo a aumentar
significativamente o número de dormidas, com reflexos evidentes no
comércio local. De facto, a taxa de ocupação anual em 2013 não
atingiu os 30%, como era previsível face ao contexto já enunciado e
contemplado no plano de negócios. Em 2014 foi possível aumentar em
cerca de 45% o número de dormidas e o 1ºsemestre de 2015 regista já
um crescimento de 30% face a igual período do ano passado, facto
que registamos com satisfação. A aposta na qualidade de serviço e
as estratégias de venda adoptadas, que têm permitido atingir estes
resultados, serão mantidas no futuro, com as adaptações que se
revelarem pertinentes.
Mas o hotel tem contribuído para a
notoriedade do concelho. De facto, na avaliação dos nossos hóspedes
na plataforma de reservas Booking, a localização era o item pior
classificado em 2012 com 6.3/10 e, neste momento, é já avaliada em
8.2/10, o que revela um maior conhecimento da região;
De referir que, baseados na mesma
avaliação, o hotel ostenta uma pontuação de 9.1/10, facto que muito
orgulha toda a equipa pois é o reflexo do seu empenho e dedicação,
que são também reconhecidos nos comentários que alguns hóspedes
fazem no TripAdvisor.
A gastronomia sempre foi
uma das apostas do Hotel. Essa aposta mantém-se?
A gastronomia é determinante para a
sustentabilidade do hotel pelo que tem merecido da nossa parte a
maior atenção. O Chef Leonel Barata, que nos acompanhou durante os
primeiros dois anos com grande dedicação, optou por outra
oportunidade de carreira. Por esse motivo, desde setembro do ano
passado, a cozinha é liderada pelo Chef André Ribeiro, um jovem
natural e residente na região que tem vindo desenvolver um
excelente trabalho. De salientar que mantemos parcerias de
consultadoria em cozinha com Chefs de renome como o Augusto Gemelli
no ano passado e o Nuno Diniz que nos vai acompanhar até ao final
deste ano. Estas parcerias são extremamente importantes, quer na
formação da equipa quer na divulgação e notoriedade da nossa oferta
gastronómica;
Iremos manter o foco na cozinha
regional, privilegiando os produtos da terra em função da sua
sazonalidade. Por isso, no sentido de dar resposta a uma procura
crescente de boa comida em espaços rústicos, recuperámos uma adega
no Roqueiro, a 10 km de distância do hotel, onde iremos
proporcionar experiências diferentes aos nossos hóspedes e ao
mercado em geral. É um projeto baseado em petiscos, na boa tradição
da adega beirã como espaço de convívio.
Recentemente foi criada a
Confraria do Cabrito Estonado, numa iniciativa em que o hotel
também é fundador. Que mais valias pode ter para o turismo do
concelho?
A notoriedade da gastronomia de uma
região assenta normalmente num prato emblemático. Felizmente foi
possível manter esta iguaria típica associada a Oleiros e a criação
da confraria deve constituir uma oportunidade de lhe dar
consistência, quer na procura quer na oferta, e a merecida
notoriedade. Tem que valer a pena vir a Oleiros para degustar esta
iguaria, da mesma forma que vamos à Bairrada em busca do
leitão!
De referir que desde há dois anos
que confeccionamos o cabrito ao almoço de domingo, quer haja ou não
reservas, dando a possibilidade de se poder degustar esta iguaria
sem ser em grupo, como era habitual.
O facto de dispormos de forno a
lenha nos jardins do hotel, onde o cliente pode presenciar a
confecção ou até participar, tem sido muito importante na
divulgação do prato. Tem-nos também possibilitado dar resposta a
grupos de maior dimensão, como foi o caso do evento da assinatura
da escritura da Confraria, cuja confecção foi integralmente
assegurada pela nossa equipa.
Mas podemos ainda salientar outros
episódios reveladores do valor da iguaria e do que ela pode
representar: o Chef André Ribeiro deslocou-se à Arábia Saudita na
primeira semana de junho a convite da empresa Mahmood Saeed que,
após se deslocarem propositadamente a Oleiros para conhecer e
degustar o prato, decidiram convidar o Chef a viajar até Jeddad
para confeccionar o cabrito estonado e avaliar as possibilidades de
o comercializar naquela cidade; A participação nas "Tascas do Cais"
no dia 11 de Julho, evento realizado no Cais do Sodré, a convite do
Chef Nuno Diniz. ou as degustações efectuadas na Bolsa de Turismo
de Lisboa e na Feira Portugal Agro, ambas na FIL em Lisboa, e no
Festival do Maranho da Sertã.
A abertura do vosso espaço
a exposições é outro dos cartões de visita do hotel. Tem
correspondido às expetativas?
Efectivamente, a componente
cultural é também uma das motivações do hotel e assumida na sua
missão. O espaço proporciona-se a este tipo de iniciativas e é com
muito agrado que constatamos que foi possível manter sempre alguma
exposição em exibição, de artistas da região, facto que merece ser
realçado. É uma iniciativa que iremos certamente manter.
Qual é o vosso cliente
tipo: português, estrangeiro, jovem, meia idade...?
Cerca de 90% dos nossos hópedes são
de nacionalidade portuguesa, nomeadamente casais com filhos.
Espanha, França e Alemanha são as nacionalidades que têm alguma
relevância, apesar de representarem ainda uma percentagem baixa. O
segmento de mercado que assume maior importância são as
"escapadinhas" de fim de semana, nomeadamente casais das regiões do
Porto, Lisboa e Oeste. Em termos de idades, a procura é muito
heterogénia, embora possamos destacar os casais jovens, muitos com
filhos ainda dependentes, e casais já com maior disponibilidade de
tempo. De realçar que as crianças representam cerca de 10% das
dormidas. A tranquilidade e a segurança, aliadas à piscina e ao
parque infantil assim como a horta pedagógica, são motivações
importantes para férias em família. De destacar ainda a procura de
empresas durante a semana para reuniões de trabalho e actividades
"outdoor". É, contudo, um segmento que carece de uma abordagem
comercial mais forte da nossa parte, pois dispomos de condições
únicas para acomodar grupos até 50 pessoas, podendo proporcionar
actividades lúdicas de todo o tipo, quer no hotel quer na região.
Trata-se de um segmento importantíssimo para garantir a
sustentabilidade do hotel no longo prazo.