Editorial
A mãe floresta e o pai Estado
O concelho de Oleiros tem na sua
floresta um dos principais instrumentos de desenvolvimento. A «Mãe
Floresta» gera negócios e oportunidades. Cria empregos. Potencia o
turismo. Garante qualidade de vida. Mas precisa de ser tratada com
firmeza e determinação. A título de exemplo refira-se que só no
concelho de Oleiros há cerca 20 mil hectares de onde se podem
retirar 400 mil toneladas de biomassa. Acontece que essa
transformação é deficitária em termos económicos para quem tiver a
ousadia de a fazer.
A gestão do espaço florestal é
complexa. Os terrenos são de vários proprietários, que nem sempre
estão de acordo. Muitos nem saberão aquilo que lhes pertence, fruto
das sucessivas heranças. O «Pai Estado», burocrático, por
excelência, e pouco ágil na hora de tomar decisões, vai empurrando
o assunto de verão em verão, na expetativa que a floresta não se
queime.
O concelho de Oleiros sempre deu
grande importância à sua floresta. Uma floresta que recentemente
voltou à ordem do dia com a visita do ministro do Ambiente, do
secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação
da Natureza, e de vários especialistas que vieram a Oleiros debater
o setor. Já em 2003, após os incêndios que dizimaram uma parte
significativa do concelho, se falava em muitas das necessidades
agora identificadas. A autarquia e as freguesias têm feito uma
forte aposta neste setor, esclarecendo, promovendo boas práticas e
a prevenção de incêndios, incentivando a criação de zonas de
intervenção, apoiando os proprietários.
A tarefa não tem sido fácil. A «Mãe
Floresta» continua a crescer de forma pouco ordenada e sem direito
a duche. O «Pai Estado» mantém-se atento, mas lento nas decisões. O
casamento dura, mas há momentos que mais parece um divórcio.
Oleiros sempre soube reagir às adversidades e saberá, novamente,
ganhar a sua floresta e potenciá-la para o bem das suas gentes.
Colocar a Floresta no centro da discussão foi uma boa aposta do
concelho, que merece ser realçada. Esperemos que todo este esforço
possa ser recompensado e através dele se criem oportunidades.
Oleiros merece!