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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Editorial
É preciso olhar para o Interior

O fogo florestal que no último mês afectou as freguesias de Cambas e Estreito trouxe à memória das gentes do concelho os incêndios de 2003. José Marques, presidente da Câmara de Oleiros, já havia alertado para a questão do reordenamento florestal e a falta de apoio por parte da tutela para que os projectos que pretendiam ordenar a floresta fossem concretizados.

O autarca chegou mesmo a dizer que a floresta do concelho constituía um barril de pólvora, tal a é a falta de ordenamento da floresta, apesar dos esforços da autarquia, das associações de produtores e dos próprios produtores. Em 2003, no pós--fogos florestais falava-se na necessidade de reordenar a floresta. Hoje, nove anos e vários governos depois, a conversa é a mesma, mas a situação económica do país é pior.

Como se já não bastasse a crise económica que os fogos florestais causaram ao concelho de Oleiros, com consequências bem presentes e gravosas para as populações (que levaram pessoas a abandonar a região), o Governo tem em mãos um projecto que prevê o encerramento de serviços como o Tribunal de Oleiros, ou a agregação de algumas freguesias. A régua e esquadro o interior do país volta a sofrer. Como sempre, o Oleiros Magazine continua solidário com os oleirenses e com o seu protesto contra as propostas produzidas em Lisboa.

Os cidadãos do concelho são pessoas lutadoras, que continuam a ter a coragem de resistir e certamente saberão ultrapassar mais estas contrariedades. O presidente da autarquia já se opôs frontalmente ao encerramento do Tribunal de Oleiros e procura agora minimizar a agregação de freguesias. A questão é que o Estado português nada ganha com estas medidas. Aliás só perde, pois para além de não contribuir para a coesão territorial acaba por dizer ao país que há portugueses de primeira e portugueses de segunda. Apela-se por isso ao bom senso.

A Direcção