Editorial
É preciso olhar para o Interior
O fogo florestal que no último mês
afectou as freguesias de Cambas e Estreito trouxe à memória das
gentes do concelho os incêndios de 2003. José Marques, presidente
da Câmara de Oleiros, já havia alertado para a questão do
reordenamento florestal e a falta de apoio por parte da tutela para
que os projectos que pretendiam ordenar a floresta fossem
concretizados.
O autarca chegou mesmo a dizer que
a floresta do concelho constituía um barril de pólvora, tal a é a
falta de ordenamento da floresta, apesar dos esforços da autarquia,
das associações de produtores e dos próprios produtores. Em 2003,
no pós--fogos florestais falava-se na necessidade de reordenar a
floresta. Hoje, nove anos e vários governos depois, a conversa é a
mesma, mas a situação económica do país é pior.
Como se já não bastasse a crise
económica que os fogos florestais causaram ao concelho de Oleiros,
com consequências bem presentes e gravosas para as populações (que
levaram pessoas a abandonar a região), o Governo tem em mãos um
projecto que prevê o encerramento de serviços como o Tribunal de
Oleiros, ou a agregação de algumas freguesias. A régua e esquadro o
interior do país volta a sofrer. Como sempre, o Oleiros Magazine
continua solidário com os oleirenses e com o seu protesto contra as
propostas produzidas em Lisboa.
Os cidadãos do concelho são pessoas
lutadoras, que continuam a ter a coragem de resistir e certamente
saberão ultrapassar mais estas contrariedades. O presidente da
autarquia já se opôs frontalmente ao encerramento do Tribunal de
Oleiros e procura agora minimizar a agregação de freguesias. A
questão é que o Estado português nada ganha com estas medidas.
Aliás só perde, pois para além de não contribuir para a coesão
territorial acaba por dizer ao país que há portugueses de primeira
e portugueses de segunda. Apela-se por isso ao bom senso.