Opinião
Um brinde de Esperança
Vivemos tempos inéditos, difíceis e
desafiantes. Quando tudo passar, esperamos que tudo fique bem, mas
nada será igual. Sairemos desta situação, seguramente, mais fortes,
unidos e valorizando de outra forma tudo o que nos rodeia. E se
repararmos com atenção, encontramos na nossa envolvente muitos
aspetos que nos podem estimular e encorajar a ultrapassar as
adversidades.
Num contexto em que o Vinho Callum consolida a sua notoriedade
e numa altura em que habitualmente teria o seu destaque, não deixa
de ser interessante refletir sobre o exemplo que a casta que o
origina nos pode dar.
Autóctone de Oleiros, resistiu à praga de filoxera que em
meados do século XIX destruiu muitas vinhas na Europa. Note-se que
nome desta casta deriva, provavelmente, de "pele dura, crosta" em
latim. Por outro lado, as suas plantas verificam elevada tolerância
à humidade, habitando junto das linhas de água a "abraçar" tutores
vivos, o que aliado à existência de algumas barreiras geográficas,
fez com que ao longo de séculos tenham resistido a pragas e
doenças.
Não deixa de ser interessante reparar nas mensagens que a
Natureza nos dá. Tal como as videiras "caluas" que "abraçam" os
seus tutores, no final disto tudo poderemos abraçar-nos, teremos
resistido e sairemos valorizados. Também como a pele dos seus
bagos, os Oleirenses são "duros" a vencer obstáculos e a
superar-se. Somos de "boa cepa" e resilientes.
O vinho Callum é hoje considerado um notável vinho histórico e
um verdadeiro "tesouro antropológico", estando bem encaminhado
quanto ao processo de certificação. O seu exemplo poderá dar-nos um
certificado de Esperança. Vai tudo correr bem e no final
brindaremos a isso.
Fiquem o melhor possível e protejam-se.