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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Ação decorreu em Oleiros
Quando o fogo pode ser bom
_MG_0012.jpgO fogo controlado pode ser um bom aliado na prevenção dos incêndios florestais. A ideia pode parecer estranha, mas uma ação realizada pela Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais e pela Câmara de Oleiros, realizada no início de fevereiro, demonstrou a eficácia da medida na diminuição da carga combustível da floresta.
Esta técnica é, no entender da Agência, eficaz na limpeza de terrenos. A ação permitiu que os proprietários de terrenos conhecessem este método altamente eficaz numa lógica de prevenção. A ideia é que haja grupos com formação que possam liderar futuras ações e consequentemente proteger os povoamentos. 
A formação pretendeu a credenciação de técnicos em fogo controlado e contou com quase todas as entidades que existem no país com responsabilidade na prevenção e combate: Bombeiros, Sapadores Florestais, Técnicos de Associações, Técnicos da Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB), Coordenadores da Brigada de Sapadores da CIMBB, Proteção Civil Municipal, Gabinete Técnico Florestal e Grupo de Intervenção e Socorro da GNR.
O vice-presidente da Câmara de Oleiros, confessa que tudo o que for feito para prevenir os incêndios florestais do concelho é positivo. E nesta matéria, em declarações à EuroNews o canal de televisão europeu, o presidente da AGIF, Tiago Oliveira, não tem dúvidas sobre a importância do fogo controlado: "nós temos que nos convencer que só conseguimos estar do lado certo da equação do risco do fogo se nos dedicarmos a gerir a vegetação. Com cabras, com ovelhas, com caça, com fogo controlado, com maquinaria, com boa silvicultura para fazer desbastes. Se quisermos resolver o problema, que são as consequências do fogo, temos que ir às causas. Isto é, garantir um reforço institucional do lado da prevenção, com recursos para fazer prevenção, com capacidade de juntar os vários agentes e reduzir a carga de combustível". E acrescenta: "as pessoas têm uma fogo1.jpgcultura de exclusão do fogo e nós temos que ser capazes de explicar que o fogo está a trabalhar por eles no inverno, há humidade, há frescura. Ele não está a fazer mal nenhum, só está a queimar os arbustos. É isto que pretendemos mostrar agora… e que daqui a 2 ou 3 dias se voltarem cá as árvores estão bem e estão verdes". 
António Salgueiro, da empresa Gestão Integrada e Fomento Florestal (GIF), trabalha com fogo controlado há 32 anos e compreende que "quando dizemos que vamos fazer um fogo para controle de vegetação num pinhal em que o objetivo é diminuir o risco mas manter os pinheiros, causa sempre algumas dúvidas". Aquele responsável explica que "se houver um incêndio no próximo verão aqui, ele propaga-se, mas propaga-se com alturas de chama em que facilitam o combate com ferramentas manuais de combate direto. Em vez de chamas com 10/12 metros de altura, teremos chamas de 50 centímetros a 1 metro de altura". 
Também Albino Caldeira, proprietário de terrenos onde foi demonstrada esta técnica, refere que "dificilmente faria a limpeza destes terrenos manualmente por ficar demasiado dispendioso". 
Numa área de três hectares que foram consumidos pelo fogo em 2003, Jorge Antunes, proprietário vizinho, percebeu que "o terreno fica muito mais limpo e não afeta em nada o pinhal". Deixa ainda o conselho: "Acho que os outros proprietários também deveriam fazer isto, porque não estraga mesmo, só vai melhorar". 
António Luís, ex-comandante dos Bombeiros Voluntários de Oleiros, é da mesma opinião: "é a única solução para o nosso querido pinhal, as queimadas controladas". Assume-se defensor desta técnica há vários anos e "espero que isto nunca mais pare!". A esperança é a de que estas ações que têm decorrido no concelho, mudem mentalidades "e que as pessoas entendam que é a solução mais viável", termina.