Concelho é exemplo nacional
Oleiros recupera e entrega casas às vítimas dos incêndios de 2017
As primeiras quatro casas das 15
destruídas pelo incêndio de outubro de 2017, já foram recuperadas e
entregues aos seus proprietários. As restantes estão em fase de
conclusão. Aos poucos, na Aldeia de Álvaro tenta-se voltar à
normalidade. Raquel Freire viu a casa onde residia a sua mãe ser
destruída pelas chamas. Por isso, no passado mês de fevereiro, a
emoção era grande quando entrou na casa totalmente recuperada. "É
verdade que as melhores recordações ficaram na casa que ardeu e que
ninguém as pode devolver, mas agradeço do fundo do coração a todos
quantos contribuíram para que fosse possível a sua reconstrução e
também aos que nos apoiaram nos momentos difíceis", disse
emocionada ainda no salão nobre da autarquia, onde foram assinados
os contratos de entrega de quatro habitações, com a Câmara de
Oleiros, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Centro (CCDRC) e os proprietários dos imóveis.
Já em Álvaro, entrámos na casa,
totalmente recuperada, da mãe de Raquel Freire, onde foi preservada
a fachada e onde a albufeira de Álvaro se avista da varanda. A
inauguração foi brindada com achigã frito pescado ali mesmo no rio
que se vê da varanda da casa por quem sabe da arte.
Mais abaixo, na mesma rua, a rua
principal da aldeia que viu as chamas destruir parte da história,
Lúcia Mendes também recebeu a sua «nova casa». "Agradeço a todos
tudo aquilo que me fizeram e deram nestes meses (…) Está tudo muito
bonito e que eu ainda viva alguns aninhos para poder «lograr» da
minha casinha", diz emocionada. No dia do incêndio Lúcia Mendes diz
ter perdido tudo, menos a roupa que trazia no corpo. "Hoje já tenho
alguma coisinha graças a Deus e a quem me ajudou. Estou muito feliz
e contente. Só peço que deem muita saúde a quem me ajudou para
poderem continuar a contribuir para fazer face a desgraças como
estas!", acrescenta.
Para o presidente da Câmara de
Oleiros aquele momento marca o início "de um novo tempo". O
Concelho de Oleiros foi dos que recuperou mais casas, num curto
espaço de tempo, ao abrigo do Programa de Apoio à Reconstrução de
Habitações Permanente. Ana Abrunhosa, presidente da CCDRC, ainda no
salão nobre da autarquia referiu que esta requalificação só foi
possível em tão pouco tempo "porque da parte da Câmara e das Juntas
de Freguesias houve um grande trabalho no terreno e porque através
do presidente da autarquia foi possível juntar ao processo todos os
empreiteiros desta região que manifestaram interesse em participar.
Isto fez com que todos trabalhassem em pé de igualdade e sem ruído.
Tentámos fazer isto noutros concelhos, mas não foi possível. Graças
a este trabalho de proximidade foi possível que este concelho, que
foi o último a ter os projetos concluídos, seja o primeiro a ter as
casas reconstruidas".
Também Fernando Jorge, presidente
da Câmara, explicou que "não era lógico lançar o concurso de apenas
uma ou duas casas de cada vez. Havia muitas para recuperar e
reconstruir, pelo que tínhamos que as juntar num único processo.
Muitas dessas casas ainda não estavam no nome dos seus
proprietários. Por outro lado, a presidente da CCDRC exigiu que as
casas fossem recuperadas com a máxima qualidade e recorreu à
Faculdade de Arquitetura de Lisboa para a elaboração dos projetos.
Mas, sendo dos últimos a apresentar os projetos, seremos dos
primeiros a ter as casas totalmente reconstruídas e entregues aos
seus proprietários".