Crónicas da terra
Primavera, paisagem, polén e espirros!
À parte o pormenor de que todos se
queixam (e com razão) de que pouco se viveram dias de Inverno, e
que a Primavera chegou bem mais cedo do que deveria, a verdade é
que ela realmente chegou, no calendário, a 20 de Março, no
hemisfério norte. Esta é a estação do ano paisagisticamente mais
interessante, por toda a beleza e explosão de vida que traz. À
perceção da nossa vista, as caducifólias despidas no Inverno ganham
nova folhagem, dando abrigo às novas famílias de aves, as pequenas
flores surgem nos campos, formando verdadeiros tapetes floridos que
despertam o nosso sentido olfativo com o aroma que é característico
a cada uma das milhares de espécies existentes. Esta serenidade
primaveril tornar-se-ia bem mais turbulenta se o olho humano
pudesse detectar toda a actividade presente no ar.
Microscopicamente, milhares de grãos de pólen circulam,
transportados por aves, insectos e até pequenos mamíferos, ou
simplesmente vagueiam ao sabor do vento. Anteras, deiscência,
estigmas, tubo polínico, mitose, citocinese, pistilo, óvulo, saco
embrionário, fertilização…termos envolvidos no complexo cenário que
ocorre à nossa vista, mas que não vemos.
Infelizmente, para uma grande
percentagem da população humana, esta não é a época mais indicada
para passear ao ar livre e apreciar o fantástico cenário colorido.
É que flores são sinónimo de pólen, e pólen é sinónimo de alergias.
A chuva que habitualmente contribui para uma amenização da
concentração de pólenes, tem estado ausente, e assim têm aumentado
as idas às consultas de alergologia. Na região onde nos
encontramos, é vulgar ouvir-se a frase " já há pó do pinheiro…", ou
seja, já paira no ar o pólen das árvores que mais abundam por estas
paragens. E apesar da sua alergenicidade ser considerada baixa, o
problema é que há muitas destas árvores a contribuir para a sua
produção. O mesmo se passa com o pólen do eucalipto. Para além
destes, existem outras espécies com produção de pólen de
alergenicidade elevada, tais como a oliveira, as gramíneas e erva
parietária.
Há no entanto períodos do dia mais
críticos em termos de contagens polínicas, e que correspondem às
horas mais quentes, uma vez que os pólenes são levados para a
atmosfera pelas correntes de ar quente. Quando o ar começa a
arrefecer, os grãos de pólen descem para o chão, pelo que o início
da manhã e o final da tarde se tornam mais seguros para quem sofre
com as alergias.
Por isso, não se ponham os passeios
ao ar livre de parte…feitos à hora certa, não trazem tantos
problemas ao nosso sistema respiratório, para além de que são estas
as horas do dia com melhor luz para tirar umas belas
fotografias…fica a dica!