Newsletter
Subscreva a nossa newsletter

Newsletter

FacebookTwitter
Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
motor
Land Rover, a evolução de um mito

IMG_4303.JPGA Land Rover, marca inglesa, dedica-se à construção de veículos todo o terreno há mais de 60 anos. O primeiro Land Rover foi apresentado em 1948. Foi concebido com uma simplicidade brilhante para proporcionar capacidades extraordinárias com uma robustez e durabilidade inigualáveis. Efectivamente, seis décadas depois estima-se que mais de dois terços de todos os Land Rover produzidos ainda se encontrem em circulação, muitos destes nas condições mais extremas e nos locais mais inóspitos do planeta.

Quando iniciou a produção dos primeiros veículos todo o terreno, a Land Rover adoptou o nome de Series. O Series I em produção de 1948 a 1958, o Séries II em produção de 1958 até 1971 e o Series III, que foi produzido de 1971 até 1985.

Nos inícios dos anos 80, a LAND ROVER começou a pensar na substituição do Series III, tendo em 1984 lançado o Land Rover 90. Externamente havia poucas diferenças entre os Series e os Land Rover 90, uma ligeira revisão na grelha frontal e o seu posicionamento à face dos outros painéis para que o carro pudesse albergar os motores que já estariam em planeamento. Tinha também embaladeiras de plástico, que serviam para cobrir o facto de que estes tinham os eixos mais compridos e o para-brisas era maior e feito numa só peça. Por dentro, os acabamentos foram também melhorados (painel de instrumentos e bancos). A nível de suspensão as molas de lâminas, foram substituídas por molas helicoidais, facto esse que melhorou o conforto e a articulação (cruzamento) dos eixos, sendo esta uma das melhores características deste modelo, pois aumentou consideravelmente o seu desempenho fora de estrada. A direcção assistida foi introduzida, mas como opção (extra). O Land Rover 90, aparece já com tracção permanente às 4 rodas, trazendo uma caixa de transferências com bloqueio de diferencial, similar aos modelos de hoje. As motorizações utilizadas neste modelo continuavam a ser as que eram utilizadas nos Series, apenas com algumas alterações.

land rover1 cópia.jpgO nome Land Rover 90 deriva da distância entre eixos deste modelo, no entanto foi resultado de uma operação de Marketing, pois na realidade a distância entre eixos é de mais 4.5 polegadas do que o então existente Serie III 88'', tendo no total 92.5'' (polegadas), no entanto este foi batizado de Land Rover 90 por ser mais apelativo.

Em 1986, o Land Rover 90 recebe um motor Turbo Diesel, pois a Land Rover começou a ser criticada pelos seus motores de baixa potência. O conceito de motor de baixa potência, mas altamente resistente, que trabalhava durante décadas, já não vendia. A nova geração de compradores, já é mais exigente e quer mais. Então foi introduzido o 2.5L de 4 cilindros, adaptado com turbo. Esta unidade produzia 85 cavalos, que representa um aumento de potência na ordem dos 13% em relação aos motores iguais mas aspirados.

Em 1990 o Land Rover 90 foi renomeado de Defender (90, 110 ou 130 conforme a sua distância entre eixos). As principais razões para esta nova denominação foi a necessidade de distinguir este veículo utilitário dos demais, Discovery e Range Rover, e distinguir a LandRover como companhia, no seu pleno direito, visto que tinha saído do controlo governamental, ao ser comprada pela British Aerospace, em 1988.

land rover 2 cópia.jpgO Defender apareceu com um novo motor Turbo Diesel, o 200 Tdi com intercooler e injecção directa. Este desenvolvia já uma potência de 107 cv. Este motor permitiu ao Defender, um andamento confortável em altas velocidades, assim como rebocar cargas elevadas a uma velocidade aceitável mesmo em percursos a subir, com a grande vantagem de continuar a ser económico. Até hoje alguns entusiastas deste motor, dizem que o 200tdi foi o melhor motor colocado no Defender.

Em 1994, aparece o 300TDI com a mesma cilindrada do 200tdi, mas com 111 cv. Ele tem a mesmo estrutura, mas ganhou cerca de 200 alterações que provocaram uma significativa melhoria da sua performance. Com estas modificações, a economia de combustível fui aumentada, mas o utilizador perdeu protagonismo na sua manutenção, devido ao facto de este motor ser mais complexo.

Entretanto o 300Tdi já não conseguia cumprir com os limites de emissões de gases. Então em 1998, o Defender recebeu uma nova motorização, um 5 cilindros de 2.5L, sem bomba injectora, mas sim com injectores bomba, turbo, intercooler, chamado TD5, vindo a ser a única opção a nível de motorização. Este novo motor com controlo electrónico tem mais 11 cv que o anterior (300tdi), mas onde se nota a grande diferença é no refinamento do mesmo.

Os tradicionalistas criticaram muito este sistema electrónico, dizendo que tinham medo do seu comportamento em condições extremas... Com o passar do tempo, este medo deixou de fazer sentido e o motor provou ser robusto e fiável.

O problema foi que a manutenção e as suas reparações se tornaram mais complexas e mais caras. Muita da manutenção já não dispensa os computadores, o que não está acessível nas nossas garagens de casa, logo, obriga a ter uma manutenção especializada.

Em 2002 o Defender sofre a maior alteração a nível de interiores desde o início da sua produção, recebendo um tablier redesenhado que podia já albergar um rádio, estando também disponíveis vidros eléctricos, pára-brisas aquecido assim como os espelhos, ar condicionado, controlo de tracção e bancos em pele. O motor sofre também ligeiras alterações para poder cumprir as normas ambientais Euro III.

Em 2007 aparece o Defender com um motor da ford, com 2.4L de 4 cilindros, com tecnologia Common Rail. Este motor tem 122 cv, e vem equipado com uma caixa de 6 velocidades, facto esse que permite uma 1ª ainda mais curta do que a caixa anterior R380 e uma 6ª mais longa, para melhor andamento em estrada. Exteriormente ele tem algumas modificações. No capot, nota-se um alto, que foi criado para albergar o novo motor, os flaps para a ventilação já não existem, apenas permanecendo a forma gravada na chapa. No interior o tablier é completamente novo, albergando espaço para air-bags, ar condicionado e uma panóplia de botões, bem ao estilo moderno.

Desde a sua criação até ao seu já anunciado fim, este é um modelo em que a sua forma pouco ou nada variou ao longo dos anos, mantendo sempre as suas características de um puro e duro, com uma aptidão para o todo o terreno fora de serie.

Amado por uns e odiado por outros, o Land Rover Defender é um veículo que ficará para sempre na história do mundo automóvel!

João Alves