Viagem ao tempo das minas do cavalo
No âmbito do Festival da Paisagem
Oleiros 2012, este ano dedicado ao "Património
Geomineiro de Oleiros", a autarquia de Oleiros e o Geopark da
Naturtejo realizaram, no passado dia 17, uma visita temática
às Minas das Fragas do Cavalo.
Com cerca de 80 participantes, a
iniciativa permitiu ver no local algumas galerias das antigas minas
e ouvir na primeira pessoa histórias de quem ali trabalhou. O
Oleiros Magazine também fez a visita percorrendo, a pé, os
trilhos da encosta entre Coval Seixoso e
Celadinha onde desde 1910 se extraiu
volfrâmio
As minas de
Fragas do Cavalo tiveram a sua importância no concelho de Oleiros.
Foram registadas em 1910 por João Cardoso, um farmacêutico de
Cardigos e funcionaram no seu apogeu até 1920, cruzando-se a sua
história com a das grandes minas da Panasqueira. Em 1934 os
herdeiros de João Cardoso transmitiram os direitos à empresa J.
Costa & Martins, Lda por dez mil escudos.
A
exploração viria a ser retomada em 1939, com a febre do ouro negro,
tendo funcionado até 1944, altura em que Salazar foi obrigado pelos
aliados a decretar o encerramento temporário das minas de volfrâmio
em Portugal. Afinal era a partir daquele mineral que se fabricava
muito material bélico, sobretudo pelos alemães. Em 1974, o caos que
se seguiu à revolução de abril, serviu de mote para saques e
destruição dos escritórios e da lavaria.
José
Marques, presidente da Câmara de Oleiros, recordou a importância
das minas da Fraga do Cavalo. "Nas minas chegaram a trabalhar 100
pessoas. A realidade mineira revela que Oleiros sempre esteve
voltado para o mundo".
O autarca
lembra a aposta estratégica na cultura da montanha. "A ocupação da
montanha tem sido bem gerida. Façamos desta herança um estímulo
para o futuro", recordou.
Mas as
histórias das minas das Fragas do Cavalo, foram contadas pelos 87
anos de Maria Augusta. Ela que aos 15 anos de idade foi trabalhar
para a lavagem do minério. "Isto era muito doloroso. Muitos homens
morreram aqui por causa das minas", recorda. As doenças
respiratórias e os acidentes seriam responsáveis pela morte de
alguns trabalhadores que ali trabalharam, sobretudo com as brocas
de perfuração e na abertura das galerias.
A visita guiada pelos
geólogos Carlos Neto Carvalho, coordenador científico do Geopark, e
Joana Rodrigues, técnica superior do Gepoark Naturtejo,
constituíram uma oportunidade única para se descobrir um pouco mais
do património geomineiro do Concelho de Oleiros.