Editorial
Ataque ao interior do país
Portugal está a assistir a um dos
maiores ataques do Estado ao interior do país e às suas gentes. A
extinção de freguesias, o anúncio de fecho de tribunais (já há quem
defende também o encerramento dos serviços das finanças), e os
cortes no investimento público são factores que nada contribuem
para a equidade territorial.
Estas medidas demonstram um corte
cego por parte do Estado, que assim tira pouco aos que já não têm
quase nada. A extinção de freguesias no concelho de Oleiros (pelo
menos duas estão em risco) nada contribui para diminuir o Orçamento
de Estado. Os gastos com as freguesias do concelho são tão
irrisórios, que certamente não dariam para construir um pequeno
troço de uma curta estrada municipal. Mas os custos que essa medida
acarreta para os cidadãos residentes é imenso e traduz-se no
abandono do Estado às populações, que na sua maioria são compostas
por pessoas idosas, que vêm na Junta de Freguesia a esperança que
lhes resta.
O possível encerramento do Tribunal
em Oleiros é outra medida incompreendida. O funcionamento o
Tribunal em Oleiros quase não tem custos para o Ministério da
Justiça (não paga renda, nem água - a autarquia suporta). Tal
situação apenas afasta os cidadãos da justiça.
Qualquer Governo (independentemente
da cor política a que pertença) que adopte medidas como as atrás
descritas está a virar costas a um território cuja população tem
tanto direito aos direitos como outras pessoas que vivem nos
grandes centros urbanos e no litoral. Uma população que, apesar de
viver no interior e de estar longe dos centros de decisão, paga os
seus impostos como os demais cidadãos e, indirectamente, por via
disso, suporta prejuízos de transportes públicos que não
utiliza.
É tempo de se deixarem as
demagogias de lado e de se assumir que o encerramentos de serviços
no Interior do País nada contribuem para a diminuição do défice,
nem para emagrecer o Orçamento de Estado. Como sempre o Oleiros
Magazine estará ao lado das pessoas do concelho, fazendo ouvir a
sua voz. A existência de serviços do Estado no concelho é um
direito que não deve ser perdido.