Editorial
A hora da verdade
O último verão foi dos mais
catastróficos para o concelho de Oleiros. Dois violentos incêndios,
um em 25 de julho, de que resultou uma vítima mortal (um jovem
bombeiro da corporação de Proença-a-Nova) e outro em 13 de
setembro, consumiram uma área significativa do concelho. Só o
último deverá ter queimado cerca de 20 mil hectares de floresta e
terrenos agrícolas, o equivalente a uma área de 20 mil campos de
futebol!
O presidente da Câmara de Oleiros classificou os momentos como uma
catástrofe. Muitos oleirenses perderam tudo. Aquilo porque lutaram
toda a vida evaporou-se com o calor das chamas. Por onde passou,
nada ficou. Os prejuízos são brutais a que se somam os provocados
pela pandemia.
Este é o momento do país mostrar aquilo que vale, de criar
mecanismos reais de recuperação, de mudar a floresta, de potenciar
o desenvolvimento económico e de garantir que os produtores
florestais não fiquem com uma mão cheia de nada.
O Secretário de Estado das Florestas, João Paulo Catarino,
anunciou uma verba de 700 milhões de euros exclusivamente para ser
aplicada em territórios como os de Oleiros. Uma aposta que faz
parte do programa das Áreas Integradas da Gestão de Paisagem, e que
de forma objetiva procura diversificar a floresta, suportando de
forma direta a elaboração de projetos, a intervenção e a gestão das
áreas.
O desafio foi feito precisamente em Oleiros e o ideal é que haja
áreas contínuas de cerca de mil hectares. Esta é um momento que
pode mudar o futuro e que esperemos possa ser bem sucedido. Nunca
houve um músculo financeiro tão grande e com objetivos tão
concretos. Saiba a região aproveitar, unir-se e trabalhar em
conjunto, porque se assim não for e não houver projetos, o dinheiro
será, concretiza, utilizado noutras regiões.
Depois das catástrofes dos incêndios deste verão, chegou a hora da
verdade. Já se perdeu muito tempo e o território, como está,
dificilmente aguentará outro verão como este.