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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Editorial
Lutar pelo interior do País

1.jpgO Interior do País continua a sofrer a bom sofrer o esquecimento de décadas a que foi votado pelos sucessivos Governos. Nunca, como hoje, esse sentimento esteve tão presente, numa altura em que a palavra de ordem é encerrar serviços com o recurso da régua e esquadro de quem está comodamente sentado em Lisboa. De quem não conhece o território, de quem não conhece as populações, nem as suas realidades e necessidades.

O possível encerramento do Tribunal de Oleiros volta a reacender o sentimento que há cidadãos de primeira e cidadãos de segunda, ou porque não dizê-lo de terceira. Os desígnios da República obrigam a igualdade e equidade, mas não é isso que tem sucedido. Para se conquistar algo para o Interior ou para um concelho como o nosso temos que percorrer o dobro de outros, e para evitar que se encerrem serviços temos que levar a nossa voz ainda mais alta para que os nossos argumentos sejam ouvidos.

O encerramento de serviços públicos é um golpe cobarde para um território que precisa de investimento e não de desinvestimento. A segurança foi reduzida, os serviços de saúde diminuídos (ainda assim manteve-se o serviço de urgências fruto da intervenção da autarquia que não abdicou em circunstância alguma do chamado SAP), os postos de correio desapareceram (tiveram que ser as juntas de freguesia a assumir esses serviços - e agora querem diminuir o número de freguesias), e a educação vai resistindo, tendo encerrado várias escolas nas últimas duas décadas.

Os oleirenses souberam resistir e sabem contrariar o destino que lhes querem impor do exterior. Hoje o concelho de Oleiros é um dos que tem melhor qualidade de vida a nível nacional. A autarquia soube dotá-lo de infra-estruturas ímpares, mas também de estruturas básicas que chegam a praticamente todos os lugares do concelho. Ou seja, através do poder local foi dada uma lição ao poder central de como se pode contrariar a desertificação, de como se podem fixar pessoas e captar investimento. Era bom que quem tem poderes de decisão a nível nacional olhasse para o interior como os autarcas deste nosso território o fazem. Certamente que assim haveria mais equidade territorial.

A Direcção