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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Crónica
Pegada Ecológica

claudia.JPGMais um ano que chega ao fim e, como é tão usual dizermos por esta altura…passou tão rápido! Não que as horas tenham tido menos minutos, nem os minutos tenham tido menos segundos…simplesmente porque, pela correria do dia-a-dia, não tivemos tempo para fazer tudo o que nos propusemos fazer para este e outros tantos anos que já passaram. Este "corre-corre" diário implica uma imensidão de ações, hábitos de cada um de nós…as rotinas em casa, a viagem casa- -trabalho, todas as atividades de um dia laboral, refeições, idas às compras…no fim-de--semana, os passeios em família, as limpezas de casa, a ida ao café para dois dedos de conversa com os amigos…tudo o que compõe o nosso quotidiano e tudo o que dele, por vezes, se afasta. Tudo isto deixa uma pegada, algo mais que a marca dos nossos pés quando corremos pela areia da praia…é a chamada Pegada Ecológica. Este indicador de sustentabilidade ambiental pretende avaliar o impacte que o consumo humano tem sobre o nosso planeta nas suas diversas componentes, tendo presente que os recursos naturais que usamos são esgotáveis. Este conceito pretende, acima de tudo, responder à questão "quantos planetas semelhantes à Terra seriam precisos, se todas as pessoas tivessem os meus hábitos de consumo?". Para este cálculo são avaliadas diferentes categorias como sejam a habitação, a energia, a água, os transportes, a alimentação, os bens de consumo, entre outros. Este consumo é depois convertido em área bioprodutiva (terra e mar) necessária para produzir ou repor os recursos utilizados e para assimilar os resíduos e poluentes produzidos. Na prática, a nossa pegada ecológica é quantificada em conformidade com comportamentos que nos parecem irrelevantes…vejamos o simples facto de escrever este artigo…utilizo papel e caneta para escrever primeiro um rascunho, ou faço-o diretamente no computador? O meu computador está configurado para desligar o monitor se eu fizer uma pausa para ir beber um café? Deixei o carregador ligado à corrente? Resolvi escrever durante o dia, ao pé de uma janela para aproveitar a luz solar, ou estou a escrevê-lo de noite, à luz do candeeiro? Esse candeeiro tem lâmpada económica? Enquanto escrevo tenho a televisão ligada, apesar de não estar sequer concentrada no programa que está a passar? E já agora…o tal cafezinho…levou açúcar refinado? E era de pacote de 1 Kg ou de pacotinhos individuais? E no final, pus o papel no caixote azul ou misturei-o com o lixo comum? Usei o carro para despejar o lixo, ou optei por fazer uma caminhada a pé até ao contentor mais próximo? E assim do nada se passa de um pezinho de Cinderela para uma pata de gigante! Em final de ano, fica o desafio de, no corre-corre de 2014 nos lembrarmos desta grande casa que nos acolhe a todos, porque…Planeta Terra há só um…este onde moramos e mais nenhum!

Cláudia Mendes
Bióloga