O Diabo anda à solta nas terras do pinhal
Um violento incêndio
florestal entrou no passado dia 15 de outubro, no concelho de
Oleiros, criando um rasto de destruição em várias aldeias do
concelho. Em Álvaro, aldeia de xisto, outrora vila e sede de
concelho, arderam 40 habitações, algumas de caráter permanente. No
Sobral, o lagar também ardeu. Mas o fogo alastrou a outras
localidades como Madeirã, Cava, Mosteiro, Moucho, entre outras.
Face à gravidade do incêndio, a autarquia decidiu acionar o
Plano Municipal de Emergência.
A população fala no diabo à
solta, numa época do ano em que habitualmente os campos estão
molhados, mas que este ano estão em seca extrema. A população do
concelho de Oleiros voltou a viver momentos de grande
aflição.
Em Álvaro, o fogo chegou à
aldeia por dois lados distintos. Este ano, as gentes do Pinhal já
tinham sentido na pele a violência dos incêndios florestais. Em
agosto ardeu uma parte significativa do concelho, já em outubro um
outro incêndio, junto ao Estreito tirou a vida a um funcionário da
autarquia que trabalhava com uma máquina de rasto, precisamente no
combate ao fogo. E este incêndio, até já provocou 29
feridos.
Fernando Jorge, presidente da
Câmara de Oleiros, em declarações à SIC Notícias, lamentava a falta
de meios no combate às chamas. "Álvaro é uma aldeia histórica que
ficou destruída. É uma aldeia com muito património histórico e
religioso, que faz parte da rede de Aldeias de Xisto portuguesas. O
que aconteceu é que não tínhamos meios para evitar que o incêndio
entrasse na aldeia".
O autarca diz que "somente os
bombeiros de Oleiros, com meia dúzia de viaturas, é que estiveram
no combate. Para uma frente de fogo que atingiu os 50 quilómetros é
insuficiente".
O passado dia 15 de outubro
foi aquele em que se registaram mais ocorrências de fogos
florestais no País, num total de 523. Isto num período em que os
meios disponíveis eram menos que em meses anteriores. Ainda assim,
estiveram no terreno, em todo o país, 3800 bombeiros, para combater
uma onde de incêndios, que na tarde de 16 de outubro, já tinham
provocado 32 vítimas mortais.
Jaime Marta Soares,
presidente da Liga do Bombeiros, fala em onda terrorista. "Sabemos
que há uma onda terrorista a lançar fogos em Portugal. E não temos
que estar a escamotear as coisas e que é uma surpresa que os
incêndios acontecem em zonas de pastorícia. Vamos assumir que há
qualquer coisa que está errada e criar condições para que este país
seja moderno e para que estas coisas não se repitam", disse à
RTP.
A noite de 16 para 17 de
outubro trouxe temperaturas mais baixas e o incêndio acabou por
ficar controlado. Aos bombeiros, e a todas as vítimas deste
incêndio, uma palavra de solidariedade.
**** atualizada às 15H47 de dia 17*****