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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
O Diabo anda à solta nas terras do pinhal

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Um violento incêndio florestal entrou no passado dia 15 de outubro, no concelho de Oleiros, criando um rasto de destruição em várias aldeias do concelho. Em Álvaro, aldeia de xisto, outrora vila e sede de concelho, arderam 40 habitações, algumas de caráter permanente. No Sobral, o lagar também ardeu. Mas o fogo alastrou a outras localidades como Madeirã, Cava, Mosteiro, Moucho, entre outras. Face à gravidade do incêndio, a  autarquia decidiu acionar o Plano Municipal de Emergência.

A população fala no diabo à solta, numa época do ano em que habitualmente os campos estão molhados, mas que este ano estão em seca extrema. A população do concelho de Oleiros voltou a viver momentos de grande aflição.

Em Álvaro, o fogo chegou à aldeia por dois lados distintos. Este ano, as gentes do Pinhal já tinham sentido na pele a violência dos incêndios florestais. Em agosto ardeu uma parte significativa do concelho, já em outubro um outro incêndio, junto ao Estreito tirou a vida a um funcionário da autarquia que trabalhava com uma máquina de rasto, precisamente no combate ao fogo. E este incêndio, até já provocou 29 feridos.

Fernando Jorge, presidente da Câmara de Oleiros, em declarações à SIC Notícias, lamentava a falta de meios no combate às chamas. "Álvaro é uma aldeia histórica que ficou destruída. É uma aldeia com muito património histórico e religioso, que faz parte da rede de Aldeias de Xisto portuguesas. O que aconteceu é que não tínhamos meios para evitar que o incêndio entrasse na aldeia".

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O autarca diz que "somente os bombeiros de Oleiros, com meia dúzia de viaturas, é que estiveram no combate. Para uma frente de fogo que atingiu os 50 quilómetros é insuficiente".

O passado dia 15 de outubro foi aquele em que se registaram mais ocorrências de fogos florestais no País, num total de 523. Isto num período em que os meios disponíveis eram menos que em meses anteriores. Ainda assim, estiveram no terreno, em todo o país, 3800 bombeiros, para combater uma onde de incêndios, que na tarde de 16 de outubro, já tinham provocado 32 vítimas mortais.

Jaime Marta Soares, presidente da Liga do Bombeiros, fala em onda terrorista. "Sabemos que há uma onda terrorista a lançar fogos em Portugal. E não temos que estar a escamotear as coisas e que é uma surpresa que os incêndios acontecem em zonas de pastorícia. Vamos assumir que há qualquer coisa que está errada e criar condições para que este país seja moderno e para que estas coisas não se repitam", disse à RTP.

A noite de 16 para 17 de outubro trouxe temperaturas mais baixas e o incêndio acabou por ficar controlado. Aos bombeiros, e a todas as vítimas deste incêndio, uma palavra de solidariedade.

 


**** atualizada às 15H47 de dia 17*****



António Almeida