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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Balanço positivo
Hotel Santa Margarida faz três anos

Fachada4.JPGO Hotel Santa Margarida, em Oleiros, está a assinalar três anos de vida. Com uma taxa de ocupação a subir, aquela unidade emprega 16 pessoas e tem contribuído para a divulgação da gastronomia tradicional. Fernando Carvalho, responsável pela unidade, mostra-se satisfeito e fala da importância da unidade.

Qual o balanço destes três anos de funcionamento do Hotel?

É verdade que estamos a concluir o terceiro ano de actividade do hotel, que muito nos satisfaz!

Tem sido um projeto extremamente exigente, tal como esperávamos, dado que: a vila de Oleiros está localizada fora dos eixos de circulação rodoviária e numa região ainda pouco conhecida; Os atrativos em termos de animação turística, no sentido lato do termo, são ainda incipientes e pouco focados no turista, comparativamente a outras regiões como o Alentejo e o Douro. Estamos a este nível a concorrer com regiões que apostaram no turismo há muito mais tempo....; A procura do segmento empresarial é muito baixa, facto que acentua os efeitos da sazonalidade, com uma ocupação muito baixa durante os dias de semana; O aumento da fiscalidade no sector, nomeadamente o IVA, tem um forte impacto na rentabilidade das empresas do setor; A situação económica e financeira do país penalizou fortemente esta atividade, quer ao nível da procura quer do preço.

É um facto que a procura global no turismo aumentou, mas a oferta também aumentou em proporção equivalente. Grande dificuldade de recrutamento de pessoal qualificado. Trata-se de um atividade muito exigente em termos de dedicação e disponibilidade, onde os pormenores fazem a diferença… Este tem sido, sem duvida, um dos maiores desafios que temos vindo a enfrentar! Mas é com muita satisfação que constatamos a evolução pessoal e profissional dos colaboradores que temos vindo a formar, que se reflecte na melhoria do nosso serviço e tem proporcionado oportunidades a quem decidiu optar por outros projetos.

Contudo, apesar destes obstáculos, foi possível manter o projeto ativo e focado na missão que definimos desde início: "O Hotel Santa Margarida tem como objetivo fundamental assumir-se como fator de desenvolvimento local, numa perspetiva de sustentabilidade económica e social".

E qual a taxa de ocupação?

Tem vindo a aumentar significativamente o número de dormidas, com reflexos evidentes no comércio local. De facto, a taxa de ocupação anual em 2013 não atingiu os 30%, como era previsível face ao contexto já enunciado e contemplado no plano de negócios. Em 2014 foi possível aumentar em cerca de 45% o número de dormidas e o 1ºsemestre de 2015 regista já um crescimento de 30% face a igual período do ano passado, facto que registamos com satisfação. A aposta na qualidade de serviço e as estratégias de venda adoptadas, que têm permitido atingir estes resultados, serão mantidas no futuro, com as adaptações que se revelarem pertinentes.

Mas o hotel tem contribuído para a notoriedade do concelho. De facto, na avaliação dos nossos hóspedes na plataforma de reservas Booking, a localização era o item pior classificado em 2012 com 6.3/10 e, neste momento, é já avaliada em 8.2/10, o que revela um maior conhecimento da região;

De referir que, baseados na mesma avaliação, o hotel ostenta uma pontuação de 9.1/10, facto que muito orgulha toda a equipa pois é o reflexo do seu empenho e dedicação, que são também reconhecidos nos comentários que alguns hóspedes fazem no TripAdvisor.

A gastronomia sempre foi uma das apostas do Hotel. Essa aposta mantém-se?

A gastronomia é determinante para a sustentabilidade do hotel pelo que tem merecido da nossa parte a maior atenção. O Chef Leonel Barata, que nos acompanhou durante os primeiros dois anos com grande dedicação, optou por outra oportunidade de carreira. Por esse motivo, desde setembro do ano passado, a cozinha é liderada pelo Chef André Ribeiro, um jovem natural e residente na região que tem vindo desenvolver um excelente trabalho. De salientar que mantemos parcerias de consultadoria em cozinha com Chefs de renome como o Augusto Gemelli no ano passado e o Nuno Diniz que nos vai acompanhar até ao final deste ano. Estas parcerias são extremamente importantes, quer na formação da equipa quer na divulgação e notoriedade da nossa oferta gastronómica;

Iremos manter o foco na cozinha regional, privilegiando os produtos da terra em função da sua sazonalidade. Por isso, no sentido de dar resposta a uma procura crescente de boa comida em espaços rústicos, recuperámos uma adega no Roqueiro, a 10 km de distância do hotel, onde iremos proporcionar experiências diferentes aos nossos hóspedes e ao mercado em geral. É um projeto baseado em petiscos, na boa tradição da adega beirã como espaço de convívio.

Recentemente foi criada a Confraria do Cabrito Estonado, numa iniciativa em que o hotel também é fundador. Que mais valias pode ter para o turismo do concelho?

A notoriedade da gastronomia de uma região assenta normalmente num prato emblemático. Felizmente foi possível manter esta iguaria típica associada a Oleiros e a criação da confraria deve constituir uma oportunidade de lhe dar consistência, quer na procura quer na oferta, e a merecida notoriedade. Tem que valer a pena vir a Oleiros para degustar esta iguaria, da mesma forma que vamos à Bairrada em busca do leitão!

De referir que desde há dois anos que confeccionamos o cabrito ao almoço de domingo, quer haja ou não reservas, dando a possibilidade de se poder degustar esta iguaria sem ser em grupo, como era habitual.

O facto de dispormos de forno a lenha nos jardins do hotel, onde o cliente pode presenciar a confecção ou até participar, tem sido muito importante na divulgação do prato. Tem-nos também possibilitado dar resposta a grupos de maior dimensão, como foi o caso do evento da assinatura da escritura da Confraria, cuja confecção foi integralmente assegurada pela nossa equipa.

Mas podemos ainda salientar outros episódios reveladores do valor da iguaria e do que ela pode representar: o Chef André Ribeiro deslocou-se à Arábia Saudita na primeira semana de junho a convite da empresa Mahmood Saeed que, após se deslocarem propositadamente a Oleiros para conhecer e degustar o prato, decidiram convidar o Chef a viajar até Jeddad para confeccionar o cabrito estonado e avaliar as possibilidades de o comercializar naquela cidade; A participação nas "Tascas do Cais" no dia 11 de Julho, evento realizado no Cais do Sodré, a convite do Chef Nuno Diniz. ou as degustações efectuadas na Bolsa de Turismo de Lisboa e na Feira Portugal Agro, ambas na FIL em Lisboa, e no Festival do Maranho da Sertã.

A abertura do vosso espaço a exposições é outro dos cartões de visita do hotel. Tem correspondido às expetativas?

Efectivamente, a componente cultural é também uma das motivações do hotel e assumida na sua missão. O espaço proporciona-se a este tipo de iniciativas e é com muito agrado que constatamos que foi possível manter sempre alguma exposição em exibição, de artistas da região, facto que merece ser realçado. É uma iniciativa que iremos certamente manter.

Qual é o vosso cliente tipo: português, estrangeiro, jovem, meia idade...?

Cerca de 90% dos nossos hópedes são de nacionalidade portuguesa, nomeadamente casais com filhos. Espanha, França e Alemanha são as nacionalidades que têm alguma relevância, apesar de representarem ainda uma percentagem baixa. O segmento de mercado que assume maior importância são as "escapadinhas" de fim de semana, nomeadamente casais das regiões do Porto, Lisboa e Oeste. Em termos de idades, a procura é muito heterogénia, embora possamos destacar os casais jovens, muitos com filhos ainda dependentes, e casais já com maior disponibilidade de tempo. De realçar que as crianças representam cerca de 10% das dormidas. A tranquilidade e a segurança, aliadas à piscina e ao parque infantil assim como a horta pedagógica, são motivações importantes para férias em família. De destacar ainda a procura de empresas durante a semana para reuniões de trabalho e actividades "outdoor". É, contudo, um segmento que carece de uma abordagem comercial mais forte da nossa parte, pois dispomos de condições únicas para acomodar grupos até 50 pessoas, podendo proporcionar actividades lúdicas de todo o tipo, quer no hotel quer na região. Trata-se de um segmento importantíssimo para garantir a sustentabilidade do hotel no longo prazo.