Fórum debateu setor
Oleiros tem uma floresta de oportunidades
O Fórum "Oleiros: Floresta de
Oportunidades" realizou-se no passado dia 16 de julho, em Oleiros,
no Auditório da Sociedade Filarmónica Oleirense. A iniciativa
contou com a presença do secretário de Estado do Ordenamento do
Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, e
foi promovida pelo Município de Oleiros e pelo Instituto de
Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O governante realçou que o setor
florestal dá um contributo importante ao nível das exportações.
"Temos que olhar de outra forma para os recursos naturais do país",
disse, para depois acrescentar que "o país viveu muitos anos a
olhar para as áreas protegidas apenas numa lógica de
conservacionismo".
O secretário de Estado falava na
sessão de encerramento do Fórum, onde recordou que Portugal tem "46
áreas protegidas que abrangem mais de 80 concelhos do país, mas o
turismo de natureza e cultural tem crescido a passos largos".
Miguel de Castro Neto lembrou
também que no programa comunitário 'Portugal 2020' existem medidas
para o investimento nesse capital natural e cultural: "É esse
trabalho que temos que fazer".
A realização desta iniciativa vem
ao encontro dos objetivos da autarquia, os quais passam por
potenciar e preservar a floresta do concelho. O Fórum foi dividido
em vários painéis. O primeiro painel, moderado por João Pinho,
vice-presidente do ICNF, deu especial enfoque a alguns modelos de
silvicultura. Aquele responsável referiu a importância do índice de
floresta per capita, abordou a dicotomia entre floresta de produção
e de conservação e lançou para a mesa a reflexão sobre o valor da
floresta, "numa região que se situa nas imediações da bacia
hidrográfica do Castelo de Bode, sendo responsável pela qualidade
da água que abastece a região da Grande Lisboa.
Carlos Cupeto, da Universidade de
Évora, realçou a ideia de que "o valor da floresta não se esgota na
madeira", afirmando mesmo que "o momento é de grande oportunidade e
Oleiros tem tudo para o aproveitar. O difícil é não o fazer". O
orador deu especial enfoque à economia verde, numa dinâmica
inerente aos ecossistemas que assenta na utilização eficiente dos
recursos, indo "muito para além dos sacos de plástico". A fechar
este primeiro painel, Maria Margarida Ribeiro, da Escola Superior
Agrária de Castelo Branco abordou um modelo de silvicultura
bastante promissor no território, numa apresentação sobre a
dinâmica florestal do medronheiro.
Carlos Pinto Gomes, da Universidade
de Évora abriu o segundo painel, o qual foi moderado por José
Santos Marques, presidente da Assembleia Municipal de Oleiros e
representante dos municípios portugueses no Conselho Executivo do
Ano Internacional das Florestas. O investigador de Évora considera
que "Oleiros é um território de elevada originalidade, conseguida
através de um solo xistoso e um bioclima marcado pela presença de
humidade", ou o topónimo de Oleiros não derivasse de "olhos
d´água". De caminho, alertou ainda para a necessidade de criar
descontinuidades e para algumas problemáticas, como a invasão de
exóticas, a erosão dos solos ou o despovoamento que leva à
suscetibilidade do território.
Conceição Ferreira, do ICNF e
representante daquela entidade no Conselho Executivo do Ano
Internacional das Florestas, encerrou este painel mostrando
preocupação para as ameaças da erosão dos solos e do avanço de
espécies invasoras. Realçou ainda que "o setor florestal gera um
valor económico líquido de 1134 milhões de euros" e pode
distinguir-se nas suas múltiplas funções: produtiva, de proteção,
de recreio e enquadramento na paisagem, de silvo pastorícia, caça e
pesca e de conservação de habitats, espécies de fauna e flora e
geomonumentos. Segundo a própria, a área florestal per capita em
Oleiros (cerca de 3 ha/habitante) está muito acima da média
nacional (0,31 ha/habitante). Nesta apresentação foi ainda referido
que no concelho de Oleiros existem três Zonas de Intervenção
Florestal (ZIF´S) delimitadas.