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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Fórum debateu setor
Oleiros tem uma floresta de oportunidades

Forum.JPGO Fórum "Oleiros: Floresta de Oportunidades" realizou-se no passado dia 16 de julho, em Oleiros, no Auditório da Sociedade Filarmónica Oleirense. A iniciativa contou com a presença do secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, e foi promovida pelo Município de Oleiros e pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

O governante realçou que o setor florestal dá um contributo importante ao nível das exportações. "Temos que olhar de outra forma para os recursos naturais do país", disse, para depois acrescentar que "o país viveu muitos anos a olhar para as áreas protegidas apenas numa lógica de conservacionismo".

O secretário de Estado falava na sessão de encerramento do Fórum, onde recordou que Portugal tem "46 áreas protegidas que abrangem mais de 80 concelhos do país, mas o turismo de natureza e cultural tem crescido a passos largos".

Miguel de Castro Neto lembrou também que no programa comunitário 'Portugal 2020' existem medidas para o investimento nesse capital natural e cultural: "É esse trabalho que temos que fazer".

A realização desta iniciativa vem ao encontro dos objetivos da autarquia, os quais passam por potenciar e preservar a floresta do concelho. O Fórum foi dividido em vários painéis. O primeiro painel, moderado por João Pinho, vice-presidente do ICNF, deu especial enfoque a alguns modelos de silvicultura. Aquele responsável referiu a importância do índice de floresta per capita, abordou a dicotomia entre floresta de produção e de conservação e lançou para a mesa a reflexão sobre o valor da floresta, "numa região que se situa nas imediações da bacia hidrográfica do Castelo de Bode, sendo responsável pela qualidade da água que abastece a região da Grande Lisboa.

Carlos Cupeto, da Universidade de Évora, realçou a ideia de que "o valor da floresta não se esgota na madeira", afirmando mesmo que "o momento é de grande oportunidade e Oleiros tem tudo para o aproveitar. O difícil é não o fazer". O orador deu especial enfoque à economia verde, numa dinâmica inerente aos ecossistemas que assenta na utilização eficiente dos recursos, indo "muito para além dos sacos de plástico". A fechar este primeiro painel, Maria Margarida Ribeiro, da Escola Superior Agrária de Castelo Branco abordou um modelo de silvicultura bastante promissor no território, numa apresentação sobre a dinâmica florestal do medronheiro.

Carlos Pinto Gomes, da Universidade de Évora abriu o segundo painel, o qual foi moderado por José Santos Marques, presidente da Assembleia Municipal de Oleiros e representante dos municípios portugueses no Conselho Executivo do Ano Internacional das Florestas. O investigador de Évora considera que "Oleiros é um território de elevada originalidade, conseguida através de um solo xistoso e um bioclima marcado pela presença de humidade", ou o topónimo de Oleiros não derivasse de "olhos d´água". De caminho, alertou ainda para a necessidade de criar descontinuidades e para algumas problemáticas, como a invasão de exóticas, a erosão dos solos ou o despovoamento que leva à suscetibilidade do território.

Conceição Ferreira, do ICNF e representante daquela entidade no Conselho Executivo do Ano Internacional das Florestas, encerrou este painel mostrando preocupação para as ameaças da erosão dos solos e do avanço de espécies invasoras. Realçou ainda que "o setor florestal gera um valor económico líquido de 1134 milhões de euros" e pode distinguir-se nas suas múltiplas funções: produtiva, de proteção, de recreio e enquadramento na paisagem, de silvo pastorícia, caça e pesca e de conservação de habitats, espécies de fauna e flora e geomonumentos. Segundo a própria, a área florestal per capita em Oleiros (cerca de 3 ha/habitante) está muito acima da média nacional (0,31 ha/habitante). Nesta apresentação foi ainda referido que no concelho de Oleiros existem três Zonas de Intervenção Florestal (ZIF´S) delimitadas.