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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Reportagem
Viagem às minas do Cavalo

P1017383.jpgNo âmbito do Festival da Paisagem Oleiros 2012, este ano dedicado ao "Património Geomineiro de Oleiros", a autarquia de Oleiros e o Geopark da Naturtejo realizaram, no passado dia 17 de Junho, uma visita temática às Minas das Fragas do Cavalo.

Com cerca de 80 participantes, a iniciativa permitiu ver no local algumas galerias das antigas minas e ouvir na primeira pessoa histórias de quem ali trabalhou. O Oleiros Magazine também fez a visita percorrendo, a pé, os trilhos da encosta entre Coval Seixoso e Celadinha onde desde 1910 se extraiu volfrâmio.

As minas de Fragas do Cavalo tiveram a sua importância no concelho de Oleiros. Foram registadas em 1910 por João Cardoso, um farmacêutico de Cardigos e funcionaram no seu apogeu até 1920, cruzando-se a sua história com a das grandes minas da Panasqueira. Em 1934 os herdeiros de João Cardoso transmitiram os direitos à empresa J. Costa & Martins, Lda por dez mil escudos.

P1017414.jpgA exploração viria a ser retomada em 1939, com a febre do ouro negro, tendo funcionado até 1944, altura em que Salazar foi obrigado pelos aliados a decretar o encerramento temporário das minas de volfrâmio em Portugal. Afinal era a partir daquele mineral que se fabricava muito material bélico, sobretudo pelos alemães. Em 1974, o caos que se seguiu à revolução de Abril, serviu de mote para saques e destruição dos escritórios e da lavaria.

José Marques, presidente da Câmara de Oleiros, recordou a importância das minas da Fraga do Cavalo. "Nas minas chegaram a trabalhar 100 pessoas. A realidade mineira revela que Oleiros sempre esteve voltado para o mundo".

O autarca lembra a aposta estratégica na cultura da montanha. "A ocupação da montanha tem sido bem gerida. Façamos desta herança um estímulo para o futuro", recordou.

Mas as histórias das minas das Fragas do Cavalo, foram contadas pelos 87 anos de Maria Augusta. Ela que aos 15 anos de idade foi trabalhar para a lavagem do minério. "Isto era muito doloroso. Muitos homens morreram aqui por causa das minas", recorda. As doenças respiratórias e os acidentes seriam responsáveis pela morte de alguns trabalhadores que ali trabalharam, sobretudo com as brocas de perfuração e na abertura das galerias.

A visita guiada pelos geólogos Carlos Neto Carvalho, coordenador científico do Geopark, e Joana Rodrigues, técnica superior do Gepoark Naturtejo, constituíram uma oportunidade única para se descobrir um pouco mais do património geomineiro do Concelho de Oleiros.