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Jornal do Concelho de Oleiros | Francisco Carrega | Periodicidade: Trimestral | Novembro 2024 nº92 Ano XXIII
Editorial
Ataque ao interior do país

Portugal está a assistir a um dos maiores ataques do Estado ao interior do país e às suas gentes. A extinção de freguesias, o anúncio de fecho de tribunais (já há quem defende também o encerramento dos serviços das finanças), e os cortes no investimento público são factores que nada contribuem para a equidade territorial.

Estas medidas demonstram um corte cego por parte do Estado, que assim tira pouco aos que já não têm quase nada. A extinção de freguesias no concelho de Oleiros (pelo menos duas estão em risco) nada contribui para diminuir o Orçamento de Estado. Os gastos com as freguesias do concelho são tão irrisórios, que certamente não dariam para construir um pequeno troço de uma curta estrada municipal. Mas os custos que essa medida acarreta para os cidadãos residentes é imenso e traduz-se no abandono do Estado às populações, que na sua maioria são compostas por pessoas idosas, que vêm na Junta de Freguesia a esperança que lhes resta.

O possível encerramento do Tribunal em Oleiros é outra medida incompreendida. O funcionamento o Tribunal em Oleiros quase não tem custos para o Ministério da Justiça (não paga renda, nem água - a autarquia suporta). Tal situação apenas afasta os cidadãos da justiça.

Qualquer Governo (independentemente da cor política a que pertença) que adopte medidas como as atrás descritas está a virar costas a um território cuja população tem tanto direito aos direitos como outras pessoas que vivem nos grandes centros urbanos e no litoral. Uma população que, apesar de viver no interior e de estar longe dos centros de decisão, paga os seus impostos como os demais cidadãos e, indirectamente, por via disso, suporta prejuízos de transportes públicos que não utiliza.

É tempo de se deixarem as demagogias de lado e de se assumir que o encerramentos de serviços no Interior do País nada contribuem para a diminuição do défice, nem para emagrecer o Orçamento de Estado. Como sempre o Oleiros Magazine estará ao lado das pessoas do concelho, fazendo ouvir a sua voz. A existência de serviços do Estado no concelho é um direito que não deve ser perdido.

A Direcção